Discursos eugênicos na educação brasileira à luz da arqueologia do saber de Michel Foucault

Abstract

Os discursos eugênicos afetaram muitas nações no século XX. No Brasil, podemos destacar a notável contribuição de Renato Ferraz Kehl e Octávio Domingues, como relevantes produtores de manuais educacionais voltados para os temas de eugenia e higiene. A partir de uma revisão de literatura sobre o tema da eugenia e educação, concluiu-se que nas últimas três décadas somente duas dissertações centraram seus estudos sobre os manuais e livros eugênicos de Kehl e Domingues. Em diálogo com as pesquisas já realizadas, esta dissertação defende a importância do reconhecimento dos manuais e livros na educação eugênica, como políticas públicas que contribuíram para a expansão do discurso eugênico. Nosso objeto consiste em compreender os saberes engendrados nos dos discursos eugênicos e higiênicos para a educação brasileira, cujo público-alvo variava desde alunos em alfabetização até a formação docente. Por meio do aporte teórico de Michel Foucault, expresso em A Arqueologia do Saber, buscamos descrever os saberes engendrados para promover a formação de professores e alunos, verificando como um discurso da área acadêmica se adaptou para formar sujeitos (professores e alunos) alheios à este campo de saber.

The eugenic discourses around the world affected with great intensity several nations in the twentieth century. In Brazil, we can highlight the remarkable contribution of Renato Ferraz Kehl and Octávio Domingues, as the main producers of educational manuals focused on the topics of eugenic education. From a literature review on the topic of eugenics and education, it was concluded that in the last three decades only two dissertations focused their studies on the eugenic manuals and books of Kehl and Domingues. Considering this gap and in dialogue with the researches already done, this dissertation defends the importance of the recognition of manuals and books of the field of eugenic education, as public policies that contributed to the expansion of eugenic discourse. Our objective is to understand how the discourses of this public policy were formed for eugenic education, whose target audience varied from students in literacy to teacher training. Through the theoretical basis of Michel Foucault expressed in Archaeology of Knowledge, we seek to describe the knowledge generated to promote a formation of teachers and students, ascertaining how a discourse from the academic area adapted to form subjects (teachers and students) unaware of this knowledge field.