Vivência comunitária católica e crescimento pessoal

Abstract

Para o humanista Victor Frankl, a busca de sentido é algo inerente a todo ser humano e a condição para tal é a autotranscendência; a fé, enquanto ato religioso, é uma das possibilidades da autotranscendência e se constitui como um suprassentido ou sentido último. Com base neste referencial teórico, a vivência comunitária católica é entendida aqui como uma experiência de fé cristã experienciada numa paróquia católica. Nesta perspectiva, a presente pesquisa teve como objetivo compreender os sentidos da experiência de fé vivida em uma comunidade católica como crescimento pessoal daqueles que dela participam. Em vista disso, foi proposto em uma paróquia da região metropolitana de Campinas a realização de um grupo, visto como um espaço a mais dentro da própria comunidade, a fim de ajudar as pessoas a ampliar suas perspectivas de crescimento pessoal a partir da consideração de suas experiências de vida. Foram cinco encontros, com duração média de duas horas cada, numa periodicidade quinzenal. Os nove participantes, escolhidos dentre pessoas adultas comprometidas com o trabalho voluntário, foram indicados por lideranças comunitárias e convidados a participar do grupo pelo pesquisador. Após cada encontro grupal, foram redigidas narrativas registrando os momentos mais significativos do grupo bem como seu movimento como um todo; foram feitas também versões de sentido , isto é, escritos breves que registram o sentido vivido em cada reunião por cada um dos participantes. Deste conjunto de registros foi elaborada uma análise qualitativo-fenomenológica, reunindo por eixos de significados tudo o que foi vivido e falado pelos participantes. O grupo realizado e sua análise permitiram um esclarecimento acerca das relações entre vivências de comunidade de fé e mobilização em vista de crescimento pessoal de seus participantes; possibilitaram também perceber que a vivência da fé religiosa cristã num contexto comunitário católico é promotora de crescimento pessoal, embora tal crescimento nem sempre esteja garantido pelo simples fato de participar da comunidade, uma vez que ela é também sentida e percebida como um espaço de contradições.

For the humanist Viktor Frankl, the quest of meaning is something inherent to all human being, and the condition for such is the self transcendence; faith, while religious act, is one of the possibilities of self transcendence and it constitutes itself as one overmeaning or last meaning. Based on this theoretical reference, the Catholic communitarian living is understood here as one experience of Christian faith experienced in one Catholic Parish. In this perspective, the present research had as objective to understand the senses of the experience of faith lived in one Catholic community as personal growth of those who participate in it. In view of it, it has been proposed in one parish of the Metropolitan Area of Campinas the achievement of a group, seen as one more space within the community itself, in order to help people to enlarge their perspectives of personal growth departing from the consideration of their experiences of life. There were five meetings, with the average length of two hours each, in a fortnightly periodicity. All the nine participants, chosen among adult people commited with voluntary work, were designated for community leaderships and invited to participate in the group by the researcher. After each group meeting, accounts were redacted to register the more meaningful moments of the group as well as its movement as a whole; there were also versions of the meaning, that is, brief writings that register the meaning lived in each meeting for each one of the participants. From this whole of registers it has been elaborated a qualitativephenomenological analysis, gathering by axes of meanings everything that was lived and said by the participants. The gathering that was organized and its analysis allowed an enlightenment about the relations between things the community of faith lives and the mobilization regarding the personal growth of its participants; they also made possible to realize that the living of the Christian religious faith in a communitarian Catholic context is promoter of personal growth, in spite of such growth not always being guaranteed by the simple fact of participating in the community, since it is also felt and perceived as a space of contradictions.