Plantão psicológico em um serviço universitário de psicologia: a experiência de aprimorandas

Abstract

Esta pesquisa teve como objetivo apreender a experiência de tornar-se psicólogo clínico, vivida por três psicólogas em fase de conclusão de um Programa de Aprimoramento Profissional, desenvolvido em um Serviço Universitário de Psicologia, tendo como foco a prática de uma modalidade de atenção psicológica, denominada Plantão Psicológico. Este Serviço caracteriza-se como um enquadre clínico diferenciado, desenvolvido em instituições como uma alternativa às psicoterapias tradicionais. A fundamentação teórica deste estudo insere-se na Psicologia Humanista, mais precisamente na Abordagem Centrada na Pessoa, desenvolvida pelo psicólogo norte americano Carl R. Rogers, na década de 50, do século XX. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho fenomenológico. Foram realizados dois encontros de natureza dialógica, com duração de aproximadamente noventa minutos, com as três participantes em grupo. Em seguida, a análise fenomenológica dos encontros evoluiu, de uma compreensão acerca da especificidade de cada encontro para uma compreensão mais ampla quanto aos significados da experiência em foco. Concluiu-se que a prática do Plantão Psicológico constitui um campo privilegiado de aprendizagem para o psicólogo clínico. A experiência adquirida possibilitou às participantes o contato com diversas situações inesperadas, contribuindo para o desenvolvimento de uma escuta diferenciada, de uma percepção clínica mais aguçada, além de suscitar um senso de responsabilidade ampliado em relação aos clientes e à comunidade. Ao considerar o modelo de intervenção que caracteriza o Plantão Psicológico, conclui-se que esta modalidade de atenção psicológica pode contribuir de modo significativo para a formação clínica do psicólogo, ao propiciar a prática das atitudes facilitadoras - empatia, aceitação positiva incondicional e congruência - concebidas por Rogers como necessárias e suficientes para que uma relação de ajuda psicológica possa ser eficaz.

This research aims to apprehend the experience being lived by three psychologists at graduation level, in becoming clinical psychologists, during the last month of a one year Improvement Professional Program, held at a University Psychology Service, with a focus on a clinical psychological practice named Psychological On Duty Attention. It is a differentiated clinical approach developed at institutions as an alternative to traditional psychotherapies. The theoretical fundaments to this study insert into Humanistic Psychology, more precisely into the Person Centered Approach, developed by the North American psychologist Carl R. Rogers in the 50 s of 20 th Century. It is a qualitative research developed in a phenomenology perspective. Two meetings of dialogical nature had been carried through, with duration of approximately ninety minutes, with the three participants in group. The following phenomenological analysis of the meeting evolved, from an understanding concerning of the specificity of each meeting to a broader understanding of the meanings of the experience in focus. One concludes that the experience of practicing the role of a psychological on duty adviser constitutes a privileged field of learning for the clinical psychologist. The acquired experience made possible to the participants the get in contact with several unexpected situations, contributing to the development of a differentiated listening, of a sharpened clinical perception, besides exciting a sense of responsibility extended in relation to the patients and to the community. Considering the intervention model that characterizes the Psychological On Duty Attention, one concludes that this mode of psychological clinical attention may contribute in significant way for the clinical education of the psychologist, by propitiating the practicing of certain facilitative attitudes - empathy, positive unconditional acceptance and congruence - conceived by Rogers as necessary and sufficient for a psychological helping relationship to be efficient.