O impacto da alteração clínica craniomaxilofacial na síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS)

Abstract

Introdução: A apneia obstrutiva do sono é uma doença bastante prevalente na população adulta, sendo sua fisiopatologia não totalmente conhecida. Sabe-se que uma anatomia desfavorável é um dos principais fatores etiopatogênicos para apneia obstrutiva do sono. A obesidade, o aumento da medida da circunferência cervical e as alterações esqueléticas, notadamente a retrusão maxilo-mandibular, tendem a estreitar a faringe, deixando-a vulnerável aos episódios de colapso durante o sono. A avaliação clínica craniomaxilofacial é ainda bastante controversa na análise de deformidades de estruturas ósseas faciais. Existem tratamentos não cirúrgicos e cirúrgicos para essa doença. A faringoplastia lateral é uma cirurgia orofaríngea bastante promissora para apneia obstrutiva do sono; no entanto, ainda não se tem a definição da melhor seleção de pacientes candidatos a esse procedimento Objetivo: verificar se as alterações clínicas craniomaxilofaciais, o índice de massa corporal e a circunferência do pescoço, condições verificadas em pacientes portadores de apneia obstrutiva do sono antes de serem submetidos à faringoplastia lateral, estão relacionados com os resultados do procedimento. Métodos: Foram avaliados 53 pacientes adultos portadores de SAOS, diagnosticados através de polissonografia, submetidos à faringoplastia lateral. A avaliação clínica foi realizada antes do procedimento cirúrgico e constou do cálculo do índice de massa corporal, da medida da circunferência cervical, da avaliação clínica do perfil facial, obtida através da posição natural da cabeça orientada. Os pacientes foram submetidos a polissonografia seis meses após a faringoplastia lateral. Os resultados polissonográficos pós-operatórios foram relacionados com os dados clínicos pré-operatórios. Resultados: A média de idade dos pacientes avaliados foi de 38,80 (±9,77) anos, sendo 84,9% do sexo masculino e 15,1% do sexo feminino. Houve melhora significativa na média de todos os parâmetros respiratórios após a cirurgia, destacando-se a redução do índice de apneia e hipopneia de 31,60 para 8,15 eventos por hora (p<0,001). Observou-se que, quanto maior a retrusão maxilo mandibular, menor foi a média da redução do índice de apneia e hipopneia. O aumento da circunferência do pescoço mostrou-se um fator associado ao desfecho, sendo que a cada 1cm a menos na medida da circunferência do pescoço, a chance de sucesso cirúrgico aumentou 1,20 vezes. Conclusão: A faringoplastia lateral é eficiente no tratamento da apneia obstrutiva do sono; a circunferência do pescoço é um fator associado ao desfecho e o método de avaliação do perfil facial usando a posição natural da cabeça orientada é confiável e de fácil execução.

Introduction: Obstructive sleep apnea is a rather prevalent disease in the adult population, and its pathophysiology is not fully understood. It is known that an unfavorable anatomy is one of the main etiopathogenic factors for obstructive sleep apnea. Obesity, increased cervical circumference and skeletal changes, notably maxillomandibular retrusion, tend to narrow the pharynx, leaving it vulnerable to episodes of collapse during sleep. The craniomaxillofacial clinical evaluation is still a quite controversial procedure for the assessment of facial bone structures deformities. Non-surgical and surgical treatments for this disorder are available. Lateral pharyngoplasty is a very promising oropharyngeal surgery for obstructive sleep apnea; however, the best selection of prospective patients for this procedure has not yet been defined. Objective: To verify if the craniomaxillofacial clinical changes, body mass index and neck circumference, conditions observed in patients with obstructive sleep apnea before undergoing lateral pharyngoplasty, are related to the outcome of the procedure. Methods: A total of 53 adult patients with OSAS, diagnosed by polysomnography, submitted to lateral pharyngoplasty were evaluated. The clinical evaluation was performed before the surgical procedure, and consisted of calculating the body mass index, measuring the cervical circumference, and performing the clinical assessment of the facial profile obtained through the natural position of the oriented head. Patients underwent polysomnography six months after lateral pharyngoplasty. Postoperative polysomnographic results were related to preoperative clinical data. Results: The mean age of the patients evaluated was 38.80 (±9.77) years, and 84.9% were male and 15.1% female. There was a significant improvement in the mean of all respiratory parameters after surgery, highlighting the reduction of the apnea and hypopnea index from 31.60 to 8.15 events per hour (p<0.001). It was observed that the greater the maxillary mandibular retrusion, the lower the average reduction in the apnea and hypopnea index. The increase in neck circumference proved to be a factor associated with the outcome, and for every 1 cm less in the measurement of neck circumference, the chance of surgical success increased 1.20 times. Conclusion: Lateral pharyngoplasty is efficient in the treatment of obstructive sleep apnea; neck circumference is an outcome-associated factor and the facial profile assessment method using the natural oriented head position is reliable and easy to perform.