Construção de subtestes para avaliação da inteligência de crianças deficientes visuais

Abstract

Diante da lacuna existente na avaliação cognitiva de populações especiais, essa pesquisa teve como objetivo a construção de três subtestes (verbal, memória e lógico-espacial) para avaliação da inteligência de crianças deficientes visuais. Como forma de atingir tal objetivo, quatro estudos foram conduzidos: (1) investigação e conhecimento de metodologias e materiais utilizados na educação de crianças com deficiência visual, com a finalidade de que tais informações pudessem contribuir para a construção dos subtestes; (2) construção dos subtestes, baseados nas teorias atuais de inteligência e nas informações obtidas a partir do Estudo 1; (3) estudo piloto com o objetivo de erificar a adequação dos subtestes e de seus itens junto a 14 crianças deficientes visuais, na faixa etária de 7 a 12 anos (M= 10,28 anos; DP=1,58), sendo seis do sexo feminino e oito do sexo masculino, sendo dessas, dez classificadas com baixa visão, oito com deficiência congênita e duas com doença adquirida, quatro crianças classificadas com cegueira total, sendo duas com deficiência adquirida e duas com deficiência congênita; (4) comparação do desempenho de crianças deficientes visuais com crianças videntes (n=17; M= 9,94 anos; DP=1,43; todas do sexo feminino) em relação às dificuldades encontradas, número de acertos e tempo de execução dos subtestes. Os resultados apontaram, através de testes de diferença de média, de um modo geral, adequação dos subtestes à população alvo, com pequenas necessidades de alteração dos itens. Também encontrou-se melhor desempenho dos videntes em relação às crianças com deficiência visual, bem como, em relação ao tipo de cegueira, crianças com deficiência congênita apresentaram melhores resultados quando comparados com aquelas que apresentam deficiência adquirida. Em relação ao grau de deficiência, crianças com baixa visão tiveram melhor desempenho que as crianças com cegueira. Ainda foi possível notar a influência das variáveis idade e escolaridade no subteste Verbal e da variável sexo no subteste de Memória. Conclui-se que o presente estudo trouxe dados relevantes quanto à importância de um instrumento específico de avaliação da inteligência para crianças com deficiência visual e que, estudos com amostras maiores podem enriquecer e contribuir para a validade do instrumento construído.

Considering the gap in cognitive assessment of special needs population, this study s aimed to build three subtests (verbal, memory and logical space) to evaluate the intelligence of visually impaired children. In order to achieve this goal, four studies were conducted: (1) research and knowledge of methods and materials used in visually impaired children s education, in order that this information could contribute to the construction of the subtests; (2) subtests construction, based on current theories of intelligence and information obtained from Study 1; (3) pilot study aiming to assess the suitability of its subtests and items among 14 visually impaired children, aged 7 to 12 years old (M = 10.28 years, SD = 1.58), six females and eight males. Within those, ten classified with low vision, eight with congenital and two with acquired disease. Four children were classified with total blindness, two with acquired deficiency and two with congenital deficiency; (4) performance comparison between blind and sighted children (n=17, M=9.94 years, SD=1.43; all female) in relation to the difficulties encountered, number of hits and subtests runtime. The results showed, by testing mean difference, in general, fitness subtests of the target population, with little need for modification of items. It was found a better performance on children with vision capability in relation to children with visual impairments. In relation to type of blindness, children with congenital deficiency showed better results when compared to children with acquired disabilities. Regarding the degree of disability, children with low vision performed better than complete blind children. Although it was possible to note the influence of age and education level in verbal subtest and sex variable in memory subtest. We conclude that this study brought relevant data regarding the importance of a specific instrument for the assessment of intelligence on children with visual impairment. Studies with larger samples can enrich and contribute to the validity of the instrument built.