Matriz africana em Campinas: territórios, memória e representação
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Autor
Orientador
Santos Junior, Wilson Ribeiro dosData de publicação
06/02/2017Tipo de conteúdo
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Matriz africana é toda herança ancestral cultural, territorial, monumental, lin-guística e organizacional, tanto em documentos e vestígios urbanos quanto na orali-dade, transmitidos pelos negros africanos escravizados e preservados no território pela memória através de manifestações, reinvenções e reterritorializações em Campinas em forma de grupos, marchas, cortejos, manifestações culturais, povos e comunidades tradicionais. Todas as manifestações têm como representação fundamental para sua existência e prática o compromisso com a transmissão de saberes, salvaguarda e preservação dessa ancestralidade africana, incluindo a luta permanente contra o racismo, discriminação e intolerâncias diversas. Essa tese desenvolveu um novo olhar sobre os espaços e territórios de matriz africana de Campinas, focando nas contribuições dos grupos, pontos de cultura, movimentos e manifestações culturais, comunidades tradicionais de terreiro (Umbanda, Candomblé etc) e na formação e reterritorialização contemporânea desses lugares. Para tanto, investigou a construção histórica, pós-abolição da escravidão e a aparente “invisibilidade” da matriz africana na cidade; as estratégias de apagamento oficial dessa memória e dos vestígios culturais; e analisou o processo de reconstituição dos registros e vestígios espaciais e culturais, tendo a Constituição de 1998 como base para a elaboração de políticas públicas referentes a essa matriz. Avaliou que a herança cultural de matriz africana em seus saberes, valores e práticas amplia sua visibilidade por meio da luta do movimento negro, dos grupos culturais e dos povos e comunidades tradicionais. Valorizar a riqueza desta contribuição implicou na obrigação e na contradição de reconhecer o lugar de subalternização e estereotipia conferidos aos negros e negras na sociedade brasileira e o compromisso com a transformação territorial desta realidade. Foi relevante perceber que a desigualdade espacial se incorpora à desigualdade social ao se fundirem, no espaço urbano, os interesses do capital, a ação do Estado e a luta de amplos segmentos da população como forma de resistência contra a segregação e pelo direito à cidade. A tese recuperou várias ações de pessoas e coletivos ligados à matriz africana que contribuíram, e ainda contribuem, para a construção de Campinas, mesmo quando em seu cotidiano essa cidade parece rumar para longe delas; Campinas, ao ser planejada, organizada e construída, enfrentou as escolhas de seus dirigentes e a atuação dos movimentos para que a população em sua totalidade fosse inserida. Foi aí que este trabalho se inseriu ao reelaborar a compreensão dessa identidade de matriz africana a partir da percepção das possibilidades de auto representação no espaço urbano pelas culturas locais.
African matrix refers to every ancestral cultural heritage, territorial, monumental, linguistic and organizational, both in documents and urban vestiges as in orality, transmitted by black Africans enslaved and preserved in the territory by memory through manifestations, reinventions and reterritorialisations in Campinas in the form of groups, Marches, processions, cultural manifestations, peoples and traditional communities. All manifestations have as a fundamental representation for their existence and practice the commitment to the transmission of knowledge, safeguard and preservation of this African ancestry, including the permanent struggle against racism, discrimination and diverse intolerances. This thesis developed a new look at the spaces and territories of the Campinas' African matrix, focusing on the contributions of groups, points of culture, movements and cultural manifestations, traditional “terreiro” communities (Umbanda, Candomblé etc) and the contemporary formation and reterritorialisations of these places. For this, it investigated the historical construction, post-abolition of slavery and the apparent "invisibility" of the African matrix in the city; The strategies of official erasure of this memory and cultural vestiges; And analyzed the process of reconstitution of records and spatial and cultural vestiges, with the 1998 Constitution as the basis for the elaboration of public policies related to this matrix.It said that African cultural heritage in its knowledge, values and practices increases its visibility through the struggle of the black movement, cultural groups and traditional peoples and communities. Valuing the wealth of this contribution implied in the obligation and the contradiction of recognizing the place of subalternization and stereotypy conferred on black people in Brazilian society and the commitment to the territorial transformation of this reality.It was important to realize that spatial inequality is incorporated into social inequality by merging, in urban space, the interests of capital, state action and the struggle of broad segments of the population as a form of resistance against segregation and the right to the city. This thesis recovered several actions of people and groups linked to the African matrix that contributed, and still do, to the construction of Campinas, even when in its daily life this city seems to move away from them; Campinas, when planned, organized and constructed, faced the choices of its leaders and the actions of the movements so that the population in its totality was inserted.It was when this work was inserted reworking the understanding of this identity of African matrix, from the perception of the possibilities of self representation in the urban space by the local cultures.
Palavras-chave
Território de matriz africanaMemória territorial
Representação de matriz africana
Patrimônio histórico e cultural
Territories of African matrix
Territorial memory
Representation of African matrix
Historical and cultural patrimony