Alternativas projetuais para fragilidades socioespaciais e ambientais na América Latina: estudo de caso PICO Colectivo/ Venezuela

Abstract

Luta política por liberdade e a importância de um diálogo horizontal entre o saber técnico e a cultura popular são temas concernentes à Pesquisa que busca encontrar, através de um estudo de caso - o coletivo arquitetônico venezuelano PICO Colectivo -, alternativas metodológicas e projetuais a fenômenos da segregação socioespacial em países dependentes na América Latina, no sentido de trazer dignidade e fortalecimento da noção de pertencimento nas comunidades em que se inserem. Para tal, a Pesquisa, estruturada em cinco capítulos, investiga especificidades políticas e urbanísticas venezuelanas visando entender como as mesmas se articulam como contexto ao estudo de caso em suas ações projetuais; faz uma ponte entre fenômenos da segregação socioespacial venezuelana coincidentes a outros países dependentes latino-americanos para que seja possível vislumbrar hipóteses de replicação da metodologia do estudo de caso nestes territórios; e levanta temas advindos das ciências sociais como a luta pela liberdade e pertencimento, por processos pedagógicos equivalência dos saberes, assim como o conceito de norte e sul global, substancializando a importância de um diálogo horizontal em práticas como as do estudo de caso. Com a investigação de princípios e processos do estudo de caso PICO Colectivo, coletivo multidisciplinar, objetivou- se a construção de um inventário que pressupõe hipóteses de replicabilidade circunstanciada a especificidades de outros países pertencentes ao Sul Global, conforme torizado por Boaventura Sousa Santos. Busca-se a compreensão de uma metodologia de integração das camadas populares entendendo-se que ninguém percebe e abarca melhor as dinâmicas e necessidades de um lugar do que quem o vivencia e que tal saber é imprescindível para uma arquitetura igualitária que vise contribuir positivamente para a transformação de lugares precarizados pelas consequências do sistema hegemônico perverso. Deseja-se a reflexão sobre o nosso papel, primeiramente enquanto pertencentes a uma sociedade segmentada e como profissionais de arquitetura e urbanismo, na superação de ações replicantes do comportamento do sistema vigente de acumulação de capital. Indaga-se se seria possível, para uma profissão tão dependente de investimento, seja público ou privado, encontrar alternativas metodológicas, projetuais e técnicas que olhem para o território e fomentem transformações estruturais de caráter político.

Political struggle for freedom and the importance of a horizontal dialogue between technical knowledge and popular culture are themes concerning to this research that seeks to find, through a case study - the Venezuelan architectural collective PICO Colectivo -, methodological and design alternatives to the phenomena of socio-spatial segregation in dependent countries in Latin America, in order to bring dignity and strengthen the notion of belonging in the communities in which they operate. To achieve this, the research is structured in five chapters that investigate Venezuelan political and urban specificities in order to understand how they are articulated, as a context, for the case study in its project actions; it bridges the phenomena of Venezuelan socio-spatial segregation coinciding with other dependent Latin American countries, so that it is possible to envision hypotheses for replicating of the case study methodology in these territories; and it raises themes arising from the social sciences such as the struggle for freedom and belonging, through pedagogical processes and knowledge equivalence, as well as the concept of the north and global south, substantiating the importance of a horizontal dialogue in practices such as those of the case study. With the investigation of the principles and processes of the PICO Colectivo case study, a multidisciplinary collective, the aim was to build an inventory that presupposes hypotheses of replicability that may consider other countries specificities, belonging to the Global South concept, as supported by Boaventura Sousa Santos. We seek to understand a methodology that integrates popular strata considering that no one perceives and embraces the dynamics and needs of a place better than those who inhabit it and that such knowledge is essential for an egalitarian architecture that aims to contribute positively to the transformation of places damaged by the consequences of the perverse hegemonic system. We wish to reflect on our role, primarily as part of a segmented society and as professionals in architecture and urbanism, in overcoming actions that replicate the behavior of the current capital accumulation system. It is questioned if it would be possible, for a profession so dependent on investment, whether public or private, to find methodological, design and technical alternatives that look at the territory and foster structural transformations in a political way.