Transformações espaciais de Itu após a implantação de grandes condomínios (1970-2019)

Abstract

A vida em condomínio, objeto de desejo induzido por uma sociedade estigmatizada pelo consumo, tem gerado impactos profundos na forma de organização das cidades e no comportamento da sociedade, seguindo com demanda crescente desde a década de 1970 na região e em algumas das áreas mais urbanizadas do país. Esta pesquisa tem como objeto de estudo a cidade de Itu/SP, que acolheu nos primórdios deste processo, um condomínio de grandes dimensões, voltado às camadas mais altas da sociedade, nominado Terras de São José, simultaneamente seguido por outros, que juntos inauguraram um período de grandes transformações na estrutura urbana da cidade. O objetivo da pesquisa cinge-se a desvelar quais mudanças aconteceram no processo de urbanização da região e no espaço urbano da cidade, sob a égide da urbanização dispersa e fragmentada, especialmente após a implantação destes gigantescos condomínios, engendrando uma nova esfera de vida pública. Através de diálogos com autores que discutem a urbanização brasileira neste período e da busca de dados em pesquisas históricas, documentais e empíricas sobre a cidade, levando em conta as mudanças na forma de uso e ocupação do solo a partir de novos loteamentos e de análises dos espaços públicos, foi possível verificar, como o desenho e o modo de vida na cidade se transformou. Os condomínios horizontais começam a dominar quantitativamente nos parcelamentos do solo e os espaços públicos tradicionais, perdem protagonismo como lugares de encontros. Os mais abastados consideram os condomínios como respostas à apregoada violência urbana e as mudanças nos usos das praças e espaços públicos são consequência das novas possibilidades de encontros oferecidas através das redes sociais, devido aos objetos técnicos vinculados às comunicações. Também o incremento da mobilidade, estimulada pela excelente infraestrutura viária regional e pelo fácil acesso ao automóvel particular, mudaram os costumes e ampliaram o acesso à novas áreas, mesmo que distantes, quase sempre instigados pelo consumismo sob a égide da globalização.

Life in condominium, object of desire induced by a society stigmatized by consumption, has generated profound impacts in the form of city organization and in the behavior of society, following with increasing demand since the 1970s in the region and in some of the more urbanized areas from the country. This study has as object of study the city of Itu / SP, which at the beginning of this process welcomed a large condominium, aimed at the upper strata of society, nominated Land of St. Joseph, simultaneously followed by others, who together inaugurated a period of major changes in the urban structure of the city. The aim of the research is to reveal what changes occurred in the process of urbanization of the region and in the urban space of the city, under the aegis of dispersed and fragmented urbanization, especially after the implantation of these gigantic condominiums, engendering a new sphere of public life. Through dialogues with authors discussing Brazilian urbanization in this period and the search for data in historical, documentary and empirical research on the city, taking into account changes in the way of use and occupation of the soil from new subdivisions and analysis of the public spaces, it was possible to verify, as the design and way of life in the city became. Horizontal condominiums begin to dominate quantitatively in the parceling of the ground and the traditional public spaces, lose protagonism as places of meetings. The more affluent consider the condominiums as answers to the rumored urban violence and the changes in the uses of squares and public spaces are consequence of the new possibilities of meetings offered through the social networks, due to the technical objects linked to the communications. Increased mobility, stimulated by the excellent regional road infrastructure and easy access to the private car, has also changed customs and expanded access to new, if distant, areas, which are almost always instigated by consumerism under the aegis of globalization.