Resiliência na epilepsia e sua relação com fatores sociodemográficos, características clínicas e percepção da vida.
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The resilience in epilepsy and its relationship with sociodemographic factors, clinical characteristics and perception of life.Autor
Orientador
Tedrus, Gloria Maria de Almeida SouzaData de publicação
18/12/2017Tipo de conteúdo
DissertaçãoDireitos de acesso
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Introdução: Epilepsia é uma condição neurológica crônica caracterizada por crises epilépticas (CE) recorrentes, causada pela atividade neuronal excessiva no cérebro, usualmente autolimitada. Vários estudos descrevem comprometimento da qualidade de vida na epilepsia associado a diferentes aspectos clínicos e psicossociais. Entretanto, ainda é pouco estudada em pacientes adultos com epilepsia (PCE) a capacidade de lidar com eventos adversos e se há relação entre resiliência e aspectos da epilepsia. Objetivo: Avaliar a resiliência e sua relação com aspectos sociodemográficos, clínicos e com a percepção da vida em PCE. Casuística e procedimentos: Foram incluídos 80 PCE adultos consecutivos, atendidos no ambulatório de Neurologia Clínica do Hospital e Maternidade Celso Pierro (PUC-Campinas). Os PCE foram avaliados com: Questionário sociodemográfico, história clínica, critério de classificação econômica Brasil, Escala de resiliência de Wagnild & Young, Teste de orientação da vida (TOV-R) e Inventário de depressão em transtornos neurológicos para epilepsia (IDTN-E). Foram utilizados testes estatísticos com nível de significância p< 0,05. Resultados: A idade média dos PCE foi 45.4 (±14.4) anos, 46 (57.5%) eram do gênero feminino; 38 (47.5%) estavam desempregados e 42 (52.5%) e 41 (51.2%) pacientes casados. A idade média da primeira crise epiléptica (CE) foi de 21.1 (±17.1) anos; 49 (61.2%) estavam com CE há menos de um ano e a duração média da epilepsia foi de 27.7 (±16.2) anos. O tipo de CE foi focal em 67 (83.75%) casos e exclusivamente generalizada em 13 (16.25%). Cinquenta e um PCE estavam utilizando uma droga antiepiléptica (DAE) e, mais que duas drogas, 29 (36.2%). A síndrome epiléptica foi: epilepsia generalizada idiopática em 13 casos (16.25%), focal sintomática em 45 (56.25%) e focal provavelmente sintomática em 22 casos (27.50%). Nas epilepsias sintomáticas a etiologia foi epilepsia de lobo temporal com esclerose hipocampal em 27 (33.7%). O escore médio da escala de resiliência foi 139.2 (±15.6). Na classificação dos níveis de resiliência foi observado que 15 (18.7%) pacientes tinham baixa resiliência (≤125) e, média (>125 e ≤145) e alta resiliência (>145) foram respectivamente, 32 (40%) e 33 (41.2%) pacientes. O escore médio do TOV-R foi 20.5 (±3.4) e do IDTN-E, 12.6 (±2.6). Os PCE que utilizavam mais de uma DAE apresentaram de modo significativo menores escores na escala de resiliência quando comparados àqueles que utilizavam droga única (142.3±14.7 x 133.9±16.1; Teste T; p=0.025). Foi observado que os PCE em episódio depressivo (valores acima de 15) no IDTN-E tiveram de modo significativo menores escores na escala de resiliência (141.7±14.1 x 119.8±14.2; Teste T; p=0.000) e menores escores no TOV-R (21.0±2.6 x 16.5±6.1; Teste T; p=0.000). Houve correlação positiva significativa entre os escores da escala de resiliência com o TOV-R. Houve correlação negativa significativa entre os escores da escala de resiliência e os escores do IDTN-E. Discussão e conclusão: A maioria dos PCE foram classificados em média e alta resiliência, o que sugere que indivíduos com elevada resiliência podem desenvolver habilidades para superar os desafios e adversidades frente a imprevisibilidade da epilepsia. No rastreamento de episódios depressivos, no IDTN-E, foi observado valores médios não sugestivos de sintomas depressivos. Baixa resiliência foi associada de modo significativo à utilização de mais de uma DAE. Não foi observada associação com outros aspectos clínicos da epilepsia e sociodemográficos. PCE com maior otimismo na percepção de suas vidas (TOV-R) apresentam maior resiliência. Houve associação entre sintomas depressivos (IDTN-E) e menor resiliência. Concluindo, PCE com menor resiliência utilizam mais de uma DAE, apresentam menor otimismo ao perceberem suas vidas com mais sintomas depressivos.
Introduction: Epilepsy is a chronic neurological condition characterized by seizures recurring caused by excessive neuronal activity in the brain, usually self-limited. Several studies have reported impaired quality of life in epilepsy associated with different clinical and psicossocial aspects. However, it is still little studied in adult patients with epilepsy (PWE) the ability to deal with adverse events and whether there is relationship between resilience and aspects of epilepsy. Objetive: Assess the resilience and its relationship with sociodemographic, clinical and the perception of life in PWE. Materials and procedures: 80 consecutive adults PWE were included, treated in the clinic Clinical Neurology Hospital Celso Pierro (PUC-Campinas). The PWE were assessed: sociodemographic questionnaire, medical history, economic classification criteria Brazil, Wagnild & Young resilience scale, life orientation test (LOT-R) and Inventory of depression in neurological disorders epilepsy (NDDI-E) . Statistical tests were used with significance level of p <0.05. Results: The average age of PWE was 45.4 (± 14.4) years, 46 (57.5%) were females; 38 (47.5%) and 42 are unemployed (52.5%) and 41 (51.2%) patients were married. The average age of the first patients seizure was 21.1 (± 17.1) years; 49 (61.2%) were seizure for less than a year and the average duration of epilepsy was 27.7 (± 16.2) years. The seizure type was focal in 67 (83.75%) cases and generalized only in 13 (16.25%). Fifty-one PWE were using one antiepileptic drug (AED), and more than two drugs, 29 (36.2%) cases. The epileptic syndrome was, idiopathic generalized epilepsy in 13 cases (16.25%), symptomatic focal in 45 (56.25%) and probably symptomatic focal in 22 cases (27.50%). In symptomatic epilepsies etiology was temporal lobe epilepsy with hippocampal sclerosis in 27 (33.7%) cases. The average score of the resilience scale was 139.2 (± 15.6). In classification level resilience was observed that 15 (18.7%) patients had low resilience (≤125), middle (> 125 and ≤145) and high resilience (> 145) were respectively 32 (40%) and 33 (41.2%) patients. The average score TOV-R was 20.5 (± 3.4) and NDDI-E 12.6 (± 2.6). The PWE that used two or more AED had significantly lower scores on scale resilience when compared to those using single drug (142.3 ± 14.7 133.9 ± 16.1 x; t-test, p = 0.025). It was observed that the PWE presenting depressive episode (values above 15) in NDDI-E show significantly lower scores on scale resilience (141.7 ± 14.1 x 119.8 ± 14.2; T-test; p = 0.000) and lower scores on TOV -R (21.0 ± 2.6 x 16.5 ± 6.1, t-test, p = 0.000). There was a significant positive correlation between the scores of resilience scale with the TOV-R. There was a negative correlation between the scores of resilience and range scores NDDI-E. Discussion and conclusion: Most PWE showed medium and high resilience, suggesting that persons with high resilience can develop skills to overcome challenges and adversity and unpredictability of epilepsy. In screening for depressive episodes in NDDI-E was observed average values do not suggestive of depressive symptoms. Low resilience was significantly associated with the use of more than one AED. There was no association with other clinical and socio-demographic aspects of epilepsy. PWE with greater optimism in the perception of their lives (LOT-R) have more resilience. There was an association between depressive symptoms (NDDI-E) and lower resilience. In conclusion, less resilients PWE use more than one AED, show less optimism to perceive their lives and more depressive symptoms.
Palavras-chave
EpilepsiaResiliência
Depressão
Otimismo.
Epilepsy
Depression
Resilience
Optimism.