A pessoa com deficiência intelectual e o trabalho: um estudo sobre vivências de pais

Abstract

Nas últimas décadas o tema da inclusão de pessoas com deficiência intelectual vem ganhando destaque devido ao advento de metodologias sociais como o Emprego Apoiado e, por isso, novas demandas com relação a serviços públicos, suporte institucional e familiar surgiram. Portanto, este estudo objetivou ampliar a compreensão das concepções que pais possuem a respeito da carreira profissional de seus filhos com deficiência intelectual. A pesquisa, de caráter qualitativo exploratório, amparou-se na fenomenologia de Edmund Husserl. Participaram 20 familiares, mães e pais de pessoas com deficiência intelectual de diferentes faixas etárias. Foram elaboradas narrativas compreensivas a partir de encontros dialógicos a fim de apreender as experiências vividas pelos participantes em relação aos seus parentes com deficiência intelectual e validadas num segundo encontro. Após isso, uma Narrativa Síntese foi redigida e, a partir da qual, identificados quatro eixos estruturantes: (1) condições estruturais que impactam a inclusão; (2) percepções e sentimentos a respeito da DI; (3) inclusão: uma corrida de obstáculos permanentes; (4) protagonismo familiar. Esses tópicos foram discutidos à luz de teorias que abordam a deficiência intelectual, o paradigma dos estigmas e a Teoria de Justificação do Sistema. Foi possível averiguar barreiras sociais que dificultam a inclusão, atitudes dos pais que legitimam e reforçam a existência de estigmas e estereótipos e limitam a inclusão laboral das pessoas com deficiência intelectual, a inclusão no trabalho como oportunidade de emancipação desses familiares e seus filhos, e a possibilidade de o protagonismo dos pais dificultar o processo de independência dos filhos. Concluiu-se ressaltando, assim, a necessidade de orientação desses familiares para um novo olhar a respeito da condição vividas por seus filhos e da criação de políticas públicas em prol de uma sociedade mais inclusiva

In the last decades, the topic ‘inclusion of people with intellectual disability’ has become more prominent due to the creation of new social systems, such as Emprego Apoiado (supported employment) and, therefore, new demands concerning public services and institutional and familiar support have arisen. As such, this study aimed to amplify the comprehension of the conceptions which parents have about their intellectually disabled children´s professional careers. This qualitative exploratory research is ground on Edmund Husserl’s phenomenology. Twenty family members took part, being fathers and mothers of people with intellectual disability of different age groups. Comprehensive narratives were elaborated from dialogical encounters in order to apprehend the experiences lived by the participants in relation to their intellectually disabled relatives and were validated in a second encounter. After that, a Narrative Synthesis was written and, from there, 4 structuring axes were identified: (1) structural conditions which impact on the inclusion; (2) perceptions and feelings towards intellectual disability; (3) inclusion: a permanent obstacle race; (4) family’s protagonism. These topics have been discussed in light of theories which approach intellectual disability, the paradigm of stigma and the Theory of System Justification. It was possible to investigate social barriers which make inclusion difficult; parents’ attitudes which confirm and reinforce the existence of stigmas and stereotypes and limit the labour inclusion of individuals with intellectual disability; inclusion at work as an opportunity for the emancipation of the family members and their children; and the possibility that the parents’ protagonism makes the children´s independence process more difficult. We concluded this paper highlighting the necessity of orientation for those family members to have a fresh look at the conditions lived by their children and the creation of public policies in favour of a more inclusive society.