A subjetividade da fé de Abraão na perspectiva Kierkegaardiana
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Título alternativo
The subjectivity of Abraham's faith in perspective KierkegaardianAutor
Orientador
Chabbouh Junior, Marco AntonioData de publicação
08/12/2022Tipo de conteúdo
Trabalho de Conclusão de CursoPrograma de Pós-Graduação
Não se aplicaDireitos de acesso
Acesso abertoMetadados
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A subjetividade da fé é uma experiência que confere a Abraão, Pai da fé, uma relação com o absoluto, de tal modo que, como que num salto, ele pôde superar a categoria do geral e assumir a condição de Indivíduo, de cavaleiro da fé e, desta forma, receber Isaac novamente. A grande tentação que lhe incorre é a sua própria moral, pois se vê em um dilema que o contrapõe ao dever de um pai, que é amar e zelar pela vida daquele que gerou e trouxe à vida. Nesse sentido, o objetivo central do trabalho é analisar e elaborar como Abraão conseguiu resolver esse impasse sem se tornar um assassino, ao passo em que quis e até premeditou a morte de seu filho Isaac, percorrendo o caminho que Soren Kierkegaard trilha em Temor e Tremor. Quais foram as estruturas que fizeram dele o venerável “Pai da fé” e não um assassino, cavaleiro da fé e não um fanático religioso mal compreendido? Para conseguir responder essas questões, Kierkegaard, filósofo dinamarquês do século XIX, evidencia os elementos que antecedem a tomada de decisão de Abraão, bem como os mecanismos que serão precisos para dar este salto qualitativo. Pela resignação infinita, o sujeito pode compreender que, até mesmo na moral, não encontrará garantias da autêntica vida cristã e, dessarte, pode romper com a vontade de Deus. Assim, ele se tornara um Indivíduo, cavaleiro da fé, alguém que venceu o geral, o senso comum. Tal mudança qualitativa implica renúncias e desafios, não apenas por um momento, mas ao longo de toda a existência. Nesse sentido, o cavaleiro da fé consegue exprimir na sua existência ao passo em que compreende o limite da razão e sente a necessidade de outra categoria. Tão importante como ser um cavaleiro da fé é verificar que a prova pela qual Abraão é submetido é fruto de um dever. Dessa forma, ele se encontra numa relação absoluta com o absoluto; precisa fazer um grande esforço para ter o domínio de si e se concentrar no processo de autoconhecimento, pois somente assim poderá entender-se como cavaleiro da fé e fazer cumprir a vontade de Deus, expressa como um dever. Finalmente, quando lançamos o olhar sobre a história do patriarca, encontramos um silêncio deste personagem perante os outros. Como justificar, então, esse silêncio. No estádio ético é impossível justificá-lo, pelo compromisso que este estágio exige, sendo o primeiro deles o compromisso consigo mesmo. Abraão não pode falar, pois está tomado pela tribulação e pela angústia e, certamente, ele precisará elaborar sua resposta e realizar a síntese do cavaleiro da fé. No entanto, no coração de Abraão há a vontade de sacrificar Isaac, pois é uma prova. Enfim, Abraão está imerso no paradoxo e vive de forma intensa com o absoluto. Ama e sofre porque conhece a dor, a angústia, nada esquece e vive no secreto; e é desta forma enigmática que recebe Isaac, pela segunda vez.
The subjectivity of faith is an experience that gives Abraham, the Father of faith, a relationship with the absolute, in such a way that, as if in a leap, he was able to overcome the category of the general and assume the condition of an Individual, of a knight of faith, and in this way receive Isaac again. The great temptation that he is faced with is his own morality, as he finds himself in a dilemma that sets him against the duty of a father, which is to love and care for the life of the one he begotten and brought to life. In this sense, the central objective of this work is to analyze and elaborate how Abraham managed to solve this impasse without becoming a murderer, while he wanted and even premeditated the death of his son Isaac, following the path that Soren Kierkegaard follows in Fear and Trembling. What were the structures that made him the venerable “Father of the faith” and not a murderer, knight of the faith and not a misunderstood religious fanatic. To be able to answer these questions, Kierkegaard, the 19th century Danish philosopher, highlights the elements that precede Abraham's decision, as well as the mechanisms that will be needed to make this qualitative leap. Through infinite resignation, the subject can understand that even in morality he will not find guarantees of an authentic Christian life and, therefore, he can break with the will of God. Thus, he becomes an Individual, a knight of faith, someone who overcome general, common sense. Such a qualitative change implies resignations and challenges, not just for a moment, but throughout one’s entire existence. In this sense, the knight of faith manages to express himself in his existence while understanding the limits of reason and feels the need for another category. As important as being a knight of faith is to verify that the test that Abraham undergoes is the result of a duty. In this way he finds himself in an absolute relationship with the absolute; he needs to make a significant effort to master himself and to focus on the process of self-knowledge, as this is the only way he will be able to understand himself as a knight of faith and fulfill God's will, expressed as a duty. Finally, when we look at the history of the patriarch, we find a silence of this character before the others. How, then, can we justify this silence? In the ethical stage, it is impossible to justify it, due to the commitment that this stage demands, the first of which is the commitment to oneself. Abraham cannot speak because he is overwhelmed by tribulation and anguish and he will certainly need to elaborate his answer and perform the synthesis of the knight of faith, however in the heart of Abraham there is the will to sacrifice Isaac, because it is a test. Finally, Abraham is immersed in the paradox and lives intensely with the absolute. He loves and suffers, because he knows pain, anguish, forgets nothing and lives in secret; and it is in this enigmatic way that he receives Isaac for the second time.
Palavras-chave
Soren KierkegaardReligião
Ética
Fé
Existencialismo
Religion
Ethics
Faith
Existentialism