O trabalho remoto compulsório durante a pandemia da Covid-19: as experiências de gestores na perspectiva das teorias do redesenho do trabalho

Abstract

A pandemia da COVID-19 se propagou globalmente no ano de 2020 acarretando importantes restrições sanitárias e períodos de confinamento em função da sua alta transmissibilidade e letalidade. Muitas empresas decretaram o trabalho remoto como medida imediata para profissionais que utilizavam tecnologia na execução de suas atividades, em um tempo exíguo para adaptação do ambiente físico ou das dinâmicas familiares. O objetivo deste estudo foi compreender as experiências de gestores de empresas internacionais com filiais no Brasil, que trabalharam remotamente como medida compulsória durante a pandemia. O método empregado foi uma pesquisa qualitativa de natureza fenomenológica. Foram realizados encontros dialógicos com a pergunta norteadora: “como está sendo/como foi desenvolver seu trabalho de maneira remota durante a pandemia?”, e utilizou-se como estratégia metodológica narrativas compreensivas elaboradas após cada encontro. Ao final, foi elaborada uma narrativa síntese contendo os elementos revelados. Foram organizados quatro eixos estruturantes: (a) os desafios para a adaptação ao desconhecido; (b) o estabelecimento de limites e estruturas para o trabalho e vida pessoal; (c) das interações caóticas à colaboração virtual intencional; (d) as descobertas no âmbito pessoal e no papel de gestor, posteriormente analisados sob a perspectiva das teorias do Redesenho do Trabalho. Os resultados mostram que indivíduos que vivenciaram apoio organizacional como recurso de trabalho, adaptaram-se mais rapidamente ao fenômeno, e que a condição hierárquica, autonomia e flexibilidade facilitaram o redesenho das atividades. Conclui se que organizações que estimulam práticas para Redesenho do Trabalho, fornecendo recursos de suporte ao trabalho flexível, podem gerar benefícios ao negócio e funcionários.

The COVID-19 pandemic spread globally in 2020, leading to important health restrictions and periods of lockdown due to its high transmissibility and lethality. Many companies have decreed remote work as an immediate measure for professionals who use technology to execute their activities, with short time for adaptation of both space for work and family dynamics. The objective of this study was to understand the experiences of managers employed in brazilian subsidiaries of international companies, who worked remotely as a mandatory measure during the pandemic. The method employed was qualitative phenomenological research. Dialogical meetings were held with the guiding question: “What was/is like for you to work remotely during the pandemic?”. Comprehensive narratives were used as methodological strategy, which were elaborated after each meeting. At the end, a narrative synthesis was elaborated, containing the revealed elements. Results were organized in four categories: (a) challenges for adapting to the unknown; (b) establishing boundaries and structures for work and personal life; (c) from chaotic interactions to intentional virtual collaboration; (d) discoveries in personal aspects and in the role of manager, later analyzed from the perspective of Job Crafting theories. The results show that individuals who perceived organizational support as a job resource, adapted faster to the phenomenon, and that the hierarchical condition, autonomy, and flexibility facilitated job crafting activities. It is concluded that organizational practices that encourage employees to craft their jobs, providing resources to support flexible work, can generate benefits for both the business and employees.