Os Asilos-Colônia do Estado de São Paulo: de Patrimônios a Territórios Culturais
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Autor
Orientador
Schicchi, Maria Cristina da SilvaData de publicação
24/01/2023Tipo de conteúdo
Dissertação de mestradoPrograma de Pós-Graduação
Arquitetura e UrbanismoDireitos de acesso
Acesso abertoMetadados
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Entre 1930 e 1960, a política de tratamento dos hansenianos implantada no Estado de São Paulo tornou-se modelo para as demais cidades brasileiras. São Paulo foi um dos estados pioneiros e o último a abolir esta forma de tratamento por isolamento. Porém, o controle sanitário de doenças infectocontagiosas, neste período, não era uma ação isolada, fazia parte de uma série de propostas dos governos estaduais e municipais, que utilizavam a segregação como solução para muitos problemas sociais que poderiam frear o avanço do crescimento e desenvolvimento urbanos, à luz da presença hegemônica da economia agroexportadora cafeeira e da consolidação da cidade como sede do capital financeiro e comercial. A solução por meio da construção de asiloscolônia foi colocada em prática na década de 1920 e são eles os objetos de estudo desta pesquisa. Eles foram pensados para funcionar em rede, de forma que pudessem abranger todas as áreas do estado, divididas em quatro circunscrições do território paulista e em cinco asilos-colônia, implantados em distintas cidades: Santo Ângelo, Padre Bento, Pirapitingui, Cocais e Aimorés. Esses asilos - construídos entre as décadas de 1920 e 1930 – foram tombados pelo Condephaat entre 2016 e 2018. A história desses asilos está ligada a uma sucessão de lugares, o que demandou uma abordagem de estudo de conjunto, mas também uma leitura dos próprios territórios onde estão inseridos, pois, entende-se que esses complexos não se mantiveram alheios aos processos políticos e de planejamento locais. Assim, o objetivo principal da pesquisa foi estudar os asilos-colônia como equipamentos complexos de escala urbanoterritorial. A partir de um levantamento preliminar dos cinco asilos tombados, foram selecionados dois deles para estudos de caso, o Santo Ângelo e o Aimorés, onde se buscou compreender a natureza desses objetos, o modelo e as transformações ocorridas nas formas de tratamento da doença, que culminaram, em muitos casos, em sua obsolescência. Buscou-se avaliar as condições de uso, apropriação e os significados atuais destes complexos, tanto por seu papel no desenvolvimento territorial dos municípios onde estão situados quanto e, principalmente, para as populações locais. A metodologia se apoiou nos métodos histórico-analítico e empírico. O resultado possibilitou a ampliação da discussão sobre os asilos-colônia como complexos urbano-territoriais e apontar novos critérios de apreensão dos significados culturais a eles relacionados, como contribuição à reflexão sobre a preservação dos denominados “patrimônios marginais”.
Between 1930 and 1960, the leprosy treatment policy implemented in the state of São Paulo became a model for the other Brazilian cities. São Paulo was one of the pioneer states and the last to abolish this form of treatment by isolation. However, the sanitary control of infectious diseases, in this period, was not an isolated action, it was part of a series of proposals from the state and municipal governments, which used segregation as a solution to many social problems that could hinder the advance of urban growth and development, in light of the hegemonic presence of the coffee agri exporting economy and of the consolidation of the city as the seat of financial and commercial capital. The solution through the construction of asylums-colony was put into practice in the 1920s and they are the objects of study of this research. They were designed to function in a network, so that they could cover all areas of the state, divided into four circumscriptions of the São Paulo territory and five colony-asylums, implanted in different cities: Santo Ângelo, Padre Bento, Pirapitingui, Cocais and Aimorés. These asylums - built between the 1920s and 1930s - were listed by Condephaat between 2016 and 2018. The history of these colonies is connected to a succession of places, which demanded a set study approach, but also a reading of the very territories where they are inserted, because it is understood that these complexes have not remained oblivious to local political and planning processes. Thus, the main objective of the research was to study the colonyasylums as complex equipment of urban-territorial scale. Based on a preliminary survey of the five listed asylums, two of them were selected for case studies, the Santo Ângelo and the Aimorés, where we tried to understand the nature of these objects, the model and the transformations that occurred in the ways of treating disease, which culminated, in many cases, in their obsolescence. We sought to evaluate the conditions of use, appropriation, and the current meanings of these complexes, both for their role in the territorial development of the municipalities where they are located and, especially, for the local populations. The methodology was based on analytical-historical and empirical methods. The result allowed the expansion of the discussion about the colony-asylums as urban-territorial complexes and to indicate new criteria of apprehension of the cultural meanings related to them, as a contribution to the reflection about the preservation of the so-called "marginal heritages".
Palavras-chave
Patrimônios marginaisTerritórios culturais
Asilos-colônia
Memória
Políticas de preservação
Marginal heritages
Cultural territories
Colony-asylums
Memory
Preservation policies