A transição da educação infantil para o ensino fundamental durante a pandemia da Covid-19: implicações emocionais e pedagógicas
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Título alternativo
The transition from early childhood education to primary education during the Covid-19 pandemic: emotional and pedagogical implicationsAutor
Orientador
Rocha, Maria Silvia Pinto de Moura Librandi daData de publicação
29/02/2024Tipo de conteúdo
Tese de doutoradoPrograma de Pós-Graduação
EducaçãoDireitos de acesso
Acesso abertoMetadados
Mostrar registro completoResumo
Realizada no Programa de Pós-graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, na Linha de Pesquisa “Formação e Trabalho Docente”, no Grupo de Pesquisa “Formação de Professores e Práticas Pedagógicas”, esta tese teve como principal objetivo examinar de que modo a relação afeto-cognição foi levada em consideração durante a transição da Educação Infantil (EI) para o Ensino Fundamental (EF) vivenciada por crianças durante o período da pandemia da Covid-19. Para atingir esse objetivo foi realizada pesquisa empírica que contou com a participação de 32 crianças matriculadas no primeiro ano do EF em 2021 em uma escola pública municipal, seus familiares e a professora. Através da observação atenta e da participação ativa da pesquisadora na sala de aula, utilizando-se do jogo “Caminho para a Escola” e da realização de uma atividade denominada como “Caixa dos Sentimentos”, além de entrevistas semiestruturadas com os familiares e a professora, foi possível explorar as experiências vividas em 2020, ano em que as crianças ainda estavam na EI, assim como o processo de transição de maneira remota para a EF, o início gradativo das aulas presenciais e o retorno obrigatório à escola no final de 2021. Denominamos esses passos de múltiplas transições. As análises foram fundamentadas na teoria histórico-cultural, tendo como principais direcionadores os estudos de Vigotski e Leontiev sobre a periodização do desenvolvimento infantil, as funções psíquicas superiores e a unidade afeto-cognição. O estudo permitiu-nos identificar, em primeiro lugar, que para as crianças as amizades e as brincadeiras são os principais motivadores para a vida escolar e aquilo de que elas mais sentiram falta durante o período em que foram privadas de frequentar a escola. Em segundo lugar, que o período de transição é um momento muito importante na vida das crianças, repleto de intensos sentimentos, entre os quais se destacam o entusiasmo, a alegria, a ansiedade, a insegurança e o medo. Por outro lado, as entrevistas com os familiares e com a professora revelaram a pouca valorização das atividades propostas pela EI e a pouca atenção dedicada ao processo de transição, não tendo sido registradas ações especiais de cuidado e criação de condições para que as crianças elaborassem seus sentimentos neste processo. A pandemia contribuiu para que pudéssemos enxergar de forma mais intensa e clara um problema antigo que é a pouca valorização do cuidado com as relações afetivas, entre elas, a questão das amizades no ambiente escolar. Destaca-se a importância de olharmos para essas relações como parte integrante do sistema de desenvolvimento, no qual, na idade escolar, a atividade de estudo ocupa lugar principal, porém não a única. Os resultados obtidos nos levam à defesa da seguinte tese: as amizades no ambiente escolar atravessam as relações que as crianças vão estabelecer com a atividade de estudo e precisam ser tratadas pelas escolas com a devida relevância, através de práticas pedagógicas que priorizem a integração, a escuta e o acolhimento das crianças. Este estudo traz contribuições para o Grupo de Pesquisa Formação e Trabalho Docente no que se refere, em especial, à visão das crianças sobre questões pouco abordadas em outras pesquisas e que envolvem não somente o período de transição da EI para a EF, mas que são fundamentais para compreendermos toda a trajetória de escolarização e a importância de se colocar a relação afeto-cognição no centro do trabalho pedagógico.
Carried out in the Postgraduate Program in Education at the Pontifical Catholic University of Campinas, in the Research Line “Training and Teaching Work”, in the Research Group “Teacher Training and Pedagogical Practices”, this thesis has as its main objective “to examine how the affective-cognitive relationship was taken into consideration during the transition from Early Childhood Education (EI) to the Fundamental Education (EF) experienced by children during the Covid-19 pandemic period.” To achieve this objective, an empirical study was carried out with the participation of 32 children enrolled in the first year of the primary school in 2021 in a municipal public school, their families, and the teacher. Through careful observation and the researcher's active participation in the classroom, using the game "Path to School" and carrying out an activity called "Box of Feelings", in addition to the semi-structured interviews with family members and the teacher, it was possible to explore the experiences lived in 2020, the year in which children were still in the Early Childhood Education; as well the remote transition process to the primary school; the gradual start of face-to-face classes and the mandatory return to school at the end of 2021. We call these steps multiple transitions. The analyzes were based on Historical-Cultural Theory, with Vygotsky and Leontiev's studies on the periodization of child development; the higher psychic functions and the affective-cognitive unit as the main guiding principles. The study allowed us to identify, firstly, that for the children, friendships and play are the main motivators for school life and what they missed most during the period when they were deprived of attending school. Secondly, the transition period is a very important moment in children's lives, full of intense feelings, including enthusiasm, joy, anxiety, insecurity, and fear. On the other hand, the interviews with the parents and the teacher revealed a lack of appreciation for the activities proposed by the Early Childhood Education and little attention to the transition process, without special care actions and the creation of conditions for the children process their feelings. The pandemic has helped us to see more intensely and clearly a long-standing problem, which is the lack of value placed on caring for emotional relationships, including the issue of friendships in the school environment. The importance of looking at these relationships as an integral part of the development system is highlighted, in which, at school age, the activity of study occupies the main place, but not the only one. The results obtained lead us to defend the following thesis: friendships in the school environment cross the relationships that children will establish with the study activity and need to be treated by schools with due relevance, through pedagogical practices that prioritize integration, listening and welcoming children. This study brings contributions to the Teaching Training and Work Research Group regarding children's views on issues little addressed in other research and which involve not only the transition period from Early Childhood Education to Fundamental Education, but which are fundamental to understanding the entire schooling trajectory and the importance of placing the affect-cognition relationship at the center of pedagogical work.
Palavras-chave
Relação afeto-cogniçãoTransição escolar
Práticas pedagógicas
Pandemia
Teoria histórico-cultural
Affect-cognition relationship
School transition
Pedagogical practices
Pandemic
Cultural-historical theory