Avaliação ecográfica versus exames oftalmológicos convencionais em uveíte na Doença Psoriásica

Abstract

Introdução: A uveíte é uma manifestação frequente na doença psoriásica e pode ocorrer em qualquer área anatômica da úvea, acometendo a partir da câmara anterior até a posterior de modo agudo ou insidioso, crônico, associado a inflamação do humor vítreo. Atualmente os métodos diagnósticos mais utilizados são a biomiocroscopia por lâmpada de fenda e a tomografia por coerência óptica, os quais possuem desafios que prejudicam o diagnóstico precoce, seja por limitação do método, ou por falta de acessibilidade e custo. A ultrassonografia modo-B é um método barato, acessível, de fácil execução e pode ser executado em tempo real; constituindo-se uma ferramenta útil para diagnosticar várias condições do globo ocular, como vitreíte. Objetivo: Avaliar através da ultrassonografia ocular presença de uveíte e suas alterações sequelares nos pacientes com doença psoriásica, comparando com os exames oftalmológicos (biomicroscopia pela lâmpada de fenda e tomografia por coerência óptica) e correlacionando com dados epidemiológicos, comorbidades existentes, exames laboratoriais e aspectos clínico da doença reumatológica. Métodos: Estudo observacional transversal com 30 pacientes com doença psoriásica classificados de acordo com os critérios classificatórios (CASPAR) do ambulatório de Reumatologia do Hospital da PUC-Campinas. Os pacientes realizaram exame oftalmológico clínico, tomográfico e o exame ocular com ultrassom modo-B, de alta frequência. Além do atendimento médico, com o reumatologista, para avaliação clínica através de três índices clínicos de atividade da doença psoriásica, além do levantamento de dados epidemiológicos e exames laboratoriais. Resultados: A média de idade dos pacientes foi 63,30 (±20) anos. A maioria era do sexo feminino, raça branca e com escolaridade até o ensino fundamental. O ultrassom ocular modo-B não evidenciou uveíte anterior, porém encontrou sinais de uveíte intermediária em 62,71% dos 59 olhos avaliados. Não houve diferença estatística entre o Disease Activity in Psoriatic Arthritis e a presença de inflamação vítrea, porém todos os pacientes que apresentavam alta atividade de doença por esse escore possuía vitreíte pela ecografia. Não houve correlação estatística entre presença de uveíte intermediária pela US ocular e a presença de inflamação aguda pela biomicroscopia pela lâmpada de fenda ou pela tomografia por coerência óptica. Entretanto, ao avaliar sinais de uveíte crônica em segmento posterior, o ultrassom ocular modo – B demonstrou uma correlação positiva 9 com tomografia de coerência óptica (p = 0,0328). A curva ROC para ultrassom ocular modo – B em relação à tomografia por coerência óptica teve área sob a curva de 0,70 (IC 95% 0,55 – 0,86; p = 0,0076). Conclusão: O ultrassom ocular modo -B acrescenta informações adicionais ao exame oftalmológico, principalmente em relação à tomografia por coerência óptica, podendo ser uma ferramenta complementar na avaliação e no seguimento de pacientes com doença psoriásica em atividade ocular.

Introduction: Uveitis is a frequent manifestation in psoriatic disease and can occur in any anatomical area of the uvea, affecting from the anterior to the posterior chamber in an acute or insidious, chronic manner, associated with inflammation of the vitreous humor. Currently, the most widely used diagnostic methods are slit-lamp biomicroscopy and optical coherence tomography, which have challenges that hinder early diagnosis, either due to method limitations or lack of accessibility and cost. Bmode ultrasonography is an inexpensive, accessible, easy-to-perform method that can be performed in real time; it is a useful tool for diagnosing various conditions of the eyeball, such as vitritis. Objective: To evaluate the presence of uveitis and its sequelae in patients with psoriatic disease using ocular ultrasonography, comparing them with ophthalmological examinations (slit-lamp biomicroscopy and optical coherence tomography) and correlating them with epidemiological data, existing comorbidities, laboratory tests, and clinical aspects of the rheumatic disease. Methods: Cross-sectional observational study with 30 patients with psoriatic disease classified according to the classification criteria (CASPAR) from the Rheumatology outpatient clinic of the PUC-Campinas Hospital. The patients underwent clinical ophthalmological examination, tomographic examination, and ocular examination with high-frequency B-mode ultrasound. In addition to medical care, the rheumatologist provided clinical evaluation using three clinical indices of psoriatic disease activity, in addition to the collection of epidemiological data and laboratory tests. Results: The mean age of the patients was 63.30 (±20) years. The majority were female, white, and had completed elementary school. B-mode ocular ultrasound did not show anterior uveitis, but found signs of intermediate uveitis in 62.71% of the 59 eyes evaluated. There was no statistical difference between Disease Activity in Psoriatic Arthritis and the presence of vitreous inflammation, but all patients who presented high disease activity according to this score had vitritis on ultrasound. There was no statistical correlation between the presence of intermediate uveitis on ocular US and the presence of acute inflammation on slit-lamp biomicroscopy or optical coherence tomography. However, when evaluating signs of chronic uveitis in the posterior segment, B-mode ocular ultrasound demonstrated a positive correlation with optical coherence tomography (p = 0.0328). The ROC curve for B-mode ocular ultrasound in 11 relation to optical coherence tomography had an area under the curve of 0.70 (95% CI 0.55–0.86; p = 0.0076). Conclusion: B-mode ocular ultrasound adds additional information to the ophthalmological examination, especially in relation to optical coherence tomography, and may be a complementary tool in the evaluation and followup of patients with psoriatic disease in ocular activity.