A Viva Rio no Minustah: o modelo de pacificação brasileiro

Abstract

Esta pesquisa faz uma análise da participação do Exército Brasileiro no MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti), bem como analisar a atuação da organização não-governamental Viva Rio em conjunto com as Forças Armadas Brasileiras no contexto da operação. Embora tenha sido uma missão militar, o MINUSTAH contou com uma ampla diversidade de atores civis e privados ao longo de seus 13 anos de existência. Neste cenário, a ONG Viva Rio foi apontada por diversos acadêmicos como um dos mais notórios atores civis e privados que fizeram parte da missão de pacificação do Haiti, se destacando por suas ações sociais voltadas à segurança pública e o combate à violência por meio da mediação de conflitos. Dessa forma, a hipótese central desta pesquisa é que a Viva Rio foi importante para a construção de um modelo de pacificação essencialmente brasileiro, que visava reduzir o caráter militar das operações de paz tradicionais e destacar os trabalhos humanitários conduzidos por entidades privadas. O envolvimento da ONG na operação pode ser compreendido como um modelo diferente de construir a paz, mas que acabou, em muitos casos, servindo mais para minimizar as controvérsias envolvendo o Exército Brasileiro no MINUSTAH.

This research analyses the Brazilian Army's participation in MINUSTAH (United Nations Stabilisation Mission in Haiti), as well as the work of the non-governmental organisation Viva Rio in conjunction with the Brazilian Armed Forces in the context of the operation. Although it was a military mission, MINUSTAH relied on a wide range of civilian and private actors throughout its 13 years of existence. In this scenario, the NGO Viva Rio was singled out by several academics as one of the most notorious civil and private actors that took part in the pacification mission in Haiti, standing out for its social actions aimed at public security and combating violence through conflict mediation. Thus, the central hypothesis of this research is that Viva Rio was important in building an essentially Brazilian pacification model, which aimed to reduce the military character of traditional peace operations and emphasise the humanitarian work carried out by private entities. The NGO's involvement in the operation can be understood as a different model of peacebuilding, but one that ended up, in many cases, serving more to minimise the controversies involving the Brazilian Army in MINUSTAH.