A experiência emocional de mães de primeira viagem no contexto do movimento #maternidadereal na internet
Author
Advisor
Cury, Vera EnglerDate
26/08/2025Content Type
Dissertação de mestradoPostgraduate Program
PsicologiaAccess rights
Acesso abertoMetadata
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Esta pesquisa objetivou compreender como a experiência emocional de mães de primeira viagem vem sendo afetada pela contradição ainda vigente entre os ideais de maternidade e a maternidade tal como é vivida. Caracteriza-se como um estudo qualitativo desenvolvido com metodologia psicanalítica, tendo sido mediada por entrevistas transicionais da pesquisadora com cada uma das participantes. Ao iniciar a entrevista, a pesquisadora procedia a leitura de uma Narrativa Interativa para estimular um diálogo sobre a maternidade como experiência vivida. Foram selecionadas como participantes 11 mulheres-mães, maiores de 18 anos, com filho (a) em idade igual ou inferior a dois anos e que tinha conhecimento sobre a hashtag #maternidadereal. Os relatos das participantes revelaram o contínuo tensionamento entre a expectativa social e a realidade desafiadora da maternidade que perpetua a desigualdade de gênero e, consequentemente, o sofrimento das mulheres. Nesse cenário, asredes de apoio, bem como as redes sociais ganham relevância ao oferecer um espaço de validação e compartilhamento de experiências. Como resultado da análise interpretativa do material narrativo foram identificados três Campos de sentido afetivo-emocional que expressam o drama vivido pelas mulheres-mães participantes: “A maternidade ideal”, como estratégia social de controle das mulheres-mães; “A realidade é muito pior”, que alude à descoberta da maternidade como experiência; e “Não estou sozinha, estou?!”, como o campo que interroga a suficiência das redes de apoio contemporâneas. Os resultados revelaram que, mesmo diante dos inúmeros desafios que a maternidade apresenta, as mulheres estão buscando formas de se apoiarem mutuamente e de redefinirem suas experiências de maternidade em um mundo que prioriza a aparente felicidade materna e ignora as dificuldades vivenciadas subjetivamente. Espera-se que este estudo venha a contribuir com o debate social sobre a responsabilização da mulher pelo cuidado infantil, inspire a proposição de intervenções psicológicas voltadas à saúde mental das mulheres-mães e amplie o conhecimento científico acerca dos efeitos negativos da sobreposição dos trabalhos produtivo e reprodutivo que recaem sobre a mulher nas sociedades patriarcais.
This research aimed to understand how the emotional experience of first-time mothers has been affected by the ongoing contradiction between motherhood ideals and the lived experience of motherhood. It is characterized as a qualitative study developed with a psychoanalytic methodology, mediated through transitional interviews conducted by the researcher with each participant. At the beginning of the interview, the researcher read an Interactive Narrative to stimulate a dialogue about motherhood as a lived experience. Eleven women-mothers, aged 18 and older, with children aged two years or younger and who were aware of the hashtag #realmaternity, were selected as participants. The participants' accounts revealed the continuous tension between social expectations and the challenging reality of motherhood, which perpetuates gender inequality and, consequently, women's suffering. In this context, support networks, as well as social media, gain relevance by offering a space for validation and sharing of experiences. As a result of the interpretative analysis of the narrative material, three fields of emotional-affective meaning were identified that express the drama experienced by the participating women-mothers: "The ideal motherhood," as a social control strategy for women-mothers; "The reality is much worse," which refers to the discovery of motherhood as an experience; and "I'm not alone, am I?!", as the field that questions the sufficiency of contemporary support networks. The results revealed that, even in the face of the numerous challenges that motherhood presents, women are seeking ways to support each other and redefine their motherhood experiences in a world that prioritizes the apparent maternal happiness while ignoring the difficulties experienced subjectively. It is hoped that this study will contribute to the social debate about women's responsibility for child care, inspire proposals for psychological interventions aimed at the mental health of women-mothers, and expand scientific knowledge about the negative effects of the overlap between productive and reproductive work that falls on women in patriarchal societies.
Keywords
MaternidadePesquisa qualitativa
Redes sociais
Psicologia clínica
Motherhood
Qualitative research
Social networks
Clinical psychology.