Prevenção à violência de gênero na escola pública: rompendo silêncios

Abstract

A presente pesquisa de doutorado buscou defender a tese de que a psicologia crítica presente na escola pública contribui para a prevenção da violência de gênero. A violência de gênero contra as mulheres e meninas tem altos índices de notificações na América Latina e no Brasil, porém, há pouca ênfase em ações preventivas de enfrentamento, em especial no campo da educação pública brasileira. Para defender a tese apresentada apoiamo-nos em fundamentos teórico-metodológicos como a epistemologia qualitativa inspirada pelo materialismo histórico-dialético e o feminismo interseccional, por meio da pesquisa ação-participação. As fontes de informação utilizadas foram os diários de campo produzidos pela pesquisadora-psicóloga inserida no projeto de pesquisa, ensino e extensão Espaço de Convivência, Ação e Reflexão (ECOAR), no município Campinas/SP, de 2017 a 2019. A análise foi realizada com o auxílio do programa Atlas T.I. a partir da construção interpretativa da pesquisadora que buscou identificar as principais contribuições da psicologia crítica para a prevenção à violência de gênero em uma escola pública de ensino fundamental, com crianças de 11 a 16 anos. Nesse sentido, destacamos as ações preventivas de desnaturalização das violências por meio da criação de espaços dialógicos de convivência, ação e reflexão com vistas a fortalecer os vínculos entre as e os participantes no campo escolar. Para isso, nós utilizamos diversos indutores escritos e não-escritos para a criação do vínculo com as participantes de modo a promover a participação, a expressão de sentimentos, a resolução de conflitos, a articulação da rede de proteção e a ampliação das possibilidades individuais e coletivas de ação frente às situações-limites manifestas na escola, como a violência de gênero. Por último, concluímos que a presença cotidiana da psicologia crítica no campo da educação pública é um elo fundamental para o planejamento, execução e avaliação de ações preventivas ao fenômeno social da violência de gênero em parceria com as diferentes personagens da escola.

The present doctoral research sought to defend the thesis that the critical psychology present in public school contributes to the prevention of gender violence. Gender-based violence against women and girls has high rates of reporting in Latin America and Brazil, however, there is little emphasis on preventive coping actions, especially in the field of Brazilian public education. To defend the thesis presented, we rely on theoretical-methodological foundations such as qualitative epistemology inspired by historical-dialectical materialism and intersectional feminism, through participatory action research. The sources of information used were the field diaries produced by the researcher-psychologist inserted in the research, teaching and extension project Espaço de Convivência, Ação e Reflexão (ECOAR), in the city Campinas/SP, from 2017 to 2019. The analysis was carried out with the help of the Atlas T.I. program based on the interpretive construction of the researcher who sought to identify the main contributions of critical psychology to the prevention of gender violence in a public elementary school, with children aged 11 to 16 years. Therefore, we highlight the preventive actions to denaturalize violence through the creation of dialogical spaces of coexistence, action and reflection with a view to strengthening the bonds between and the participants in the school field. For this, we use several written and unwritten inducers to create the bond with the participants in order to promote participation, the expression of feelings, the resolution of conflicts, the articulation of the protect net and the expansion of the individual and collective possibilities of action in the face of limit situations manifested at school, such as gender violence. Finally, we conclude that the daily presence of critical psychology in the field of public education is a fundamental link for the planning, execution and evaluation of preventive actions to the social phenomenon of gender violence in partnership with the different characters of the school.

La presente investigación doctoral buscó defender la tesis de que la psicología crítica presente en las escuelas públicas contribuye a la prevención de la violencia de género. La violencia de género contra mujeres y niñas tiene altas tasas de denuncia en América Latina y Brasil, sin embargo, hay poco énfasis en las acciones preventivas de afrontamiento, especialmente en el campo de la educación pública brasileña. Para defender la tesis presentada, nos apoyamos en fundamentos teórico-metodológicos como la epistemología cualitativa inspirada en el materialismo histórico-dialéctico y el feminismo interseccional, a través de la investigación acción-participación. Las fuentes de información utilizadas fueron los diarios de campo elaborados por investigadora-psicóloga incluida en el proyecto de investigación, docencia y extensión Espaço de Convivência, Ação e Reflexão (ECOAR), en la ciudad Campinas/SP, de 2017 a 2019. El análisis fue realizado con la ayuda del programa Atlas T.I. basado en la construcción interpretativa de la investigadora que buscó identificar los principales aportes de la psicología crítica a la prevención de la violencia de género en una escuela primaria pública, con niños de 11 a 16 años. Por ello, destacamos las acciones preventivas para desnaturalizar la violencia a través de la creación de espacios dialógicos de convivencia, acción y reflexión con miras a fortalecer los vínculos entre y los participantes en el ámbito escolar. Para ello, utilizamos varios inductores escritos y no escritos para crear el vínculo con los participantes con el fin de promover la participación, la expresión de sentimientos, la resolución de conflictos, la articulación de la red de protección y la ampliación de posibilidades individuales y colectivas de acción ante situaciones extremas manifestadas en la escuela, como la violencia de género. Finalmente, concluimos que la presencia diaria de la psicología crítica en el campo de la educación pública es un vínculo fundamental para la planificación, ejecución y evaluación de acciones preventivas al fenómeno social de la violencia de género en alianza con los diferentes personajes de la escuela.