Automovel e cidade: fim do pacto?

Abstract

O presente estudo compreende a análise da cultura do automóvel observando tanto aspectos funcionalistas, operacionais da presença e do uso do carro que reverberam na conformação morfológica das cidades, como também os significados simbólicos que sustentam um arcabouço ideológico que age como neutralizador do dispositivo automóvel na sociedade moderna. A análise busca compreender o lugar do automóvel na dimensão do urbano (cidade/público/coletivo), na esfera da habitação (casa/privado/individual), assim como as interfaces estabelecidas com modais de deslocamento de menor e maior escala. A reflexão histórica sobre a implantação da indústria automobilística contribui na tese para o vislumbre de panoramas que revelam mudanças culturais na sociedade e consequentemente no espaço urbano vivido pelo homem contemporâneo. As tecnologias emergentes para a mobilidade individual, cujos conceitos, em grande medida, já se pronunciavam no despontar da modernidade, estão, nos dias de hoje, se concretizando de maneira mais diversificada e demandam redefinições de políticas públicas para deslocamentos individuais e coletivos. As questões atuais da mobilidade urbana vêm construindo um paradigma mais restritivo à automobilidade, instaurando o que pode ser chamado de uma crise atual do uso do automóvel, marcada pela intensificação de movimentos sociais que questionam a continuidade do “pacto” estabelecido ao longo do século XX entre a cidade e o automóvel.

The study comprises the analysis of the culture of the automobile observing both functionalist, operational aspects of the presence and use of the car that reverberate in the morphological conformation of cities, as well as the symbolic meanings that support an ideological framework that acts as neutralizing the automobile artifact in modern society. The analysis seeks to understand the place of the automobile in the urban dimension (city/public/collective), in the sphere of housing (home/private/individual) as well as the interfaces established with smaller and larger-scale travel modes. The historical reflection on the implementation of the automotive industry contributes, in the thesis, to the glimpse of panoramas that reveal cultural changes in society and consequently in the urban space lived by contemporary man. Emerging technologies for individual mobility, whose concepts, to a large extent, have already spoken in the emerging of modernity are, nowadays, materializing in a more diverse way and demand redefinitions of public policies to individual and collective displacements. The current issues of urban mobility have been building a paradigm more restrictive on self-mobility, establishing what can be called a current crisis of the use of automobiles, marked by the intensification of social movements that question the continuity of the " pact" established throughout the twentieth century between the city and the automobile.