dc.description.abstract | Clássicos da literatura e a Filosofia do Direito, aparentemente, não se conectam.
Todavia, a obra “Crime e Castigo”, de Fiódor Dostoiévski, leva a reflexões
conectadas ao mundo filosófico-jurídico ao retratar o cometimento de um crime por
Raskolnikov, jovem estudante de Direito que pensa buscar certa justiça social ao
assassinar uma senhora usurária, justificando-se com sua teoria do “super homem”,
que o fazia considerar a si mesmo como um homem extraordinário com poder de
transpassar as questões morais visando a um bem maior por ele almejado. No
entanto, o protagonista acaba por não conseguir justificar-se internamente,
enfrentando um profundo estado de lassidão moral pela incompreensão da agonia
psicológica por ele enfrentada, estado este desenvolvido em diversas elucubrações
do personagem, possibilitando uma análise profunda, pelo leitor, quanto à relação
entre a lei, a moral e a justiça - associada, no presente trabalho, ao embate entre o
racionalismo nietzschiano, teoria sustentada por Raskolnikov ao início do romance, e
a filosofia aristotélica-tomista - discorrendo sobre as implicações morais de crimes à
consciência do ser-social e a ideal indissociabilidade entre a moral e o Direito
positivado - evidenciando, assim, a contribuição de obras literárias clássicas às
meditações filosóficas quanto ao cenário jurídico. | pt_BR |