dc.contributor.advisor | Doretto, Juliana | |
dc.contributor.author | Gonçalves, Glauce Caroline Sandaniel da Cunha | |
dc.date.accessioned | 2022-08-26T19:21:48Z | |
dc.date.available | 2022-08-26T19:21:48Z | |
dc.date.issued | 2022-06-27 | |
dc.identifier.uri | http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/16639 | |
dc.description.abstract | Marina Silva, nortista, mulher negra de origem pobre, ganhou projeção no cenário da política
nacional após participar de três processos eleitorais para a Presidência da República. No
primeiro deles, em 2010, obteve mais de 19 milhões de votos, conquistando ali o terceiro lugar.
No segundo processo, em 2014, Marina também conseguiu o terceiro lugar, com 22 milhões de
votos. Já em 2018, obteve resultado inexpressivo, com apenas pouco mais de 1 milhão de votos,
ficando em oitavo lugar. Diante desse cenário, esta pesquisa buscou entender como Marina
Silva é percebida pelo público enquanto figura política, no cenário político brasileiro dominado
em sua maioria por homens brancos. Ao se dirigir para o comentarista, o sujeito receptor, a
investigação pretende compreender como ele se apropria das mensagens midiáticas, se ele dá
novos significados àquelas ou se corrobora com os significados já estabelecidos nos processos
socioculturais e os amplia (BARBERO, 2003). A ideia nasceu da nossa observação de um
discurso difuso, nas mídias sociais, que questiona a capacidade de Marina Silva pela sua
“fragilidade” física e emocional, aspectos que fazem parte da construção social do gênero
feminino, como afirmam Beauvoir (1970) e De Lauretis (1994). Esses elementos são, no caso
de Marina, ressaltados pela sua condição física, resultados do histórico de doenças contraídas
quando morava em região de floresta, no Norte do país, e dos cuidados médicos decorrentes.
Neste estudo, analisamos comentários de internautas feitos a partir de postagens de Marina em
seu perfil no Twitter em 2020, em que ela deixa claro sua oposição ao governo de Jair
Bolsonaro. A escolha dessa plataforma se deu por entendermos a importância dela na arena
política atual, em que as estratégias partidárias são fortemente midiatizadas, e os algoritmos das
mídias sociais colaboram para fomentar a desinformação e o discurso de ódio em torno dos
processos políticos. No total, analisamos 935 comentários, seguindo o método da análise de
conteúdo (BARDIN, 1977). Como resultado, as críticas e rejeição que encontramos, por parte
da maioria dos interlocutores nas postagens selecionadas, não estão ligadas aos seus
posicionamentos políticos, mas têm uma carga de violência com caráter racista e misógino.
Encontramos caracterizações dela como “sumida” da cena pública e discursos que a
desumanizam através de ataques violentos à sua aparência física, comparando-a com animais e
extraterrestres. Reconhecemos que essas representações fazem parte da construção social da
mulher negra, algo que encontramos nos estudos interseccionais de gênero e raça
(GONZALEZ, 2020), que mostram justamente como a mulher negra vem sendo invisibilizada
e animalizada por conta de sua potência física ao longo do tempo. Marina, no entanto, parece
se afastar também desta última representação, e aqui parece como um ser bestializado, e que,
por isso, deve ser eliminado, associado ainda a preconceitos regionais, devido à sua origem
nortista. Ressalta, assim, a necessidade de se combater a violência de gênero e raça também no
campo político, e fortalecer estratégias de transparência nas redes sociais. | pt_BR |
dc.description.abstract | Marina Silva, a black woman from a poor background born and raised in the northern part of
Brazil, gained national political projection after participating as a presidential candidate in 3
consecutive elections. In her first election in 2010 she obtained over 19 million votes, granting
her the 3rd place in that year. In 2014, her second attempt, she also landed 3rd place, with 22
million votes. In 2018, however, she performed poorly, with only little over 1 million votes,
granting her 8th place. It is in light of this scenario that this project sought to comprehend how
Marina Silva, being a public figure, is perceived by the general public in the brazilian political
scenario that is mostly dominated by white men. While devoting its attention to the person that
comments/replies –the person/subject– this study seeks to understand how they appropriate
themselves of the messages received through the media, how they attribute new meanings or
confirm these messages through different socio-cultural procedures and/or amplify them
(BARBERO. 2003). The idea emerged due to the observation that, on social media, there
seemed to be a common ground notion that questions Marina Silva’s ability as a whole due to
something one can only describe as a perceived physical and emotional “fragility”, aspects that
are part of the social construct of the female gender, according to Beauvoir (1970) and De
Lauretis (1994). These elements, in Marina Silva’s case, seem to stand out even more due to
her physical condition that is a direct result of her medical history and the treatment of the
diseases she suffered whilst growing up in the Amazon Forest Region, the northern part of
Brazil. This study will analyse replies and comments made by internet users from posts made
by Marina in 2020, the current period of her political activity, from her Twitter account, in
opposition to Jair Bolsonaro’s administration. The choice of this platform is due to our
understanding of its importance in the current political arena, in which partisan strategies are
highly mediatized and in which the social media algorithms contribute strongly to the
promotion of misinformation and hate speeches surrounding the political processes. All in all
we analyzed 935 comments, using content analysis methodology (BARDIN, 1977). What we
found is that the critiques and rejection posed by the majority of the comments analyzed were
unrelated to her political stances and highly charged with violently racist and misogynistic
properties. We found characterizations of her as being "missing" or "abscent" from the public
scene and also dehumanizing vocabulary and violent attacks to her physical appearance,
comparing her to animals and extra-terrestrials. We recognize that these characterizations are
part of the social construct of the black woman, which is something we encounter in the studies
of intersectional feminisms based on gender and race (GONZALEZ, 2020), that show how
precisely black women are made invisible and animalized based on their physical properties.
Marina, however, seems to not quite fit this representation either and appears more beast-like
and, thus, must be eliminated whilst suffering regional prejudices due to her northern origins.
The study highlights, thereby, the need to fight gender and racial violence also in the political
sphere and to strengthen strategies of transparency on social media. | pt_BR |
dc.description.sponsorship | Não recebi financiamento | pt_BR |
dc.language.iso | por | pt_BR |
dc.publisher | Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) | pt_BR |
dc.rights | Acesso aberto | pt_BR |
dc.subject | Marina Silva | pt_BR |
dc.subject | Twitter | pt_BR |
dc.subject | Gênero | pt_BR |
dc.subject | Raça | pt_BR |
dc.subject | Estudos de recepção | pt_BR |
dc.subject | Gender | pt_BR |
dc.subject | Race | pt_BR |
dc.subject | Reception analyses | pt_BR |
dc.title | A mulher “sumida” e “desumanizada” na política brasileira: a recepção nas redes sociais de Marina Silva | pt_BR |
dc.type | Dissertação de mestrado | pt_BR |
dc.contributor.institution | Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) | pt_BR |
dc.identifier.lattes | 8214041517411351 | pt_BR |
puc.advisorLattes | 4034826865768689 | pt_BR |
puc.referee | Lima, Cláudia do Carmo Nonato | |
puc.referee | Silva, Tarcisio Torres | |
puc.refereeLattes | 4975622041237653 | pt_BR |
puc.refereeLattes | 3425631891607984 | pt_BR |
puc.center | Centro de Linguagem e Comunicação (CLC) | pt_BR |
puc.graduateProgram | Linguagens, Mídia e Arte | pt_BR |
puc.embargo | Online | pt_BR |
puc.undergraduateProgram | Não se aplica | pt_BR |