Infiltrado no Chan: economia e linguagem do ódio
Abrir arquivo
Autor
Orientador
Zanotti, Carlos AlbertoData de publicação
26/02/2021Tipo de conteúdo
DissertaçãoDireitos de acesso
Acesso AbertoMetadados
Mostrar registro completoResumo
Este trabalho procura demonstrar como a chamada economia da atenção (WILLIAMS, 2018) e o extrativismo de dados (MOROZOV, 2017) atuam na subjetivação do indivíduo, que, em última instância, sofre um enfraquecimento da coletividade da língua e suas implicações simbólicas. Direcionamos esta pesquisa em torno do Dogolachan como ambiente de onde extraímos excertos de manifestações de discurso de ódio, entendendo que o fórum, uma vez anônimo e de difícil acesso, possui caráter confessional para seus sujeitos. Para tanto, nos aprofundamos na conceituação de um sujeito conhecido como incel e como suas frustrações são agenciadas pelos algoritmos de recomendação das redes sociais, afiliando-se assim a outros sujeitos com dores comuns. Utilizamos a simbologia da “Red Pill”, uma metáfora para uma série de discursos misóginos compartilhados pelos incels e pela Alt-Right, para exemplificar como funcionam os mecanismos de recomendação de conteúdo que grandes empresas de tecnologia como Google, Facebook e Twitter atuam. Conceituamos um percurso epistemológico chamado de “solipsismo linguístico” para apontar a exclusão sistemática do outro por vias da língua. Este percurso metodológico nos levou à Análise de Discurso de tradição pêcheuxtiana, que considera seu objeto, o discurso, como “o lugar teórico em que se imbricam todas suas grandes questões sobre a língua, a história e o sujeito” (MALDIDIER, 2003, p.15). Ao final do trabalho, apontamos que o atual modelo de extração de dados e de recomendação de publicidade direcionada adotados pelas grandes empresas de tecnologia têm contribuído para dificultar a efetiva inserção dos sujeitos na cotidianidade, segundo os termos de Agnes Heller (2011).
This work demonstrates how the so-called Economics of attention (WILLIAMS, 2018) and Data extraction (MOROZOV, 2017) act on the subjectivity of the individual, who, in the end, suffers a weakening of the collectivity of language and its symbolic implications. We directed this research around Dogolachan as an environment from which we extracted excerpts from hate speech manifestations, understanding that the forum, once anonymous and difficult to access, has a confessional character for its subjects. For this, we delve deeper into the conceptualization of a subject known as incel and how his frustrations are managed by the recommendation algorithms of social networks, thus joining other subjects with common pain. We use the symbolism of the "Red Pill", a metaphor for a series of misogynistic speeches shared by the incels, to exemplify how the mechanisms for recommending content that major technology companies such as Google, Facebook and Twitter operate. We conceptualized an epistemological path called “linguistic solipsism” to point out the systematic exclusion of the other through language. This methodological path led us to Discourse Analysis of the Pêcheuxtian tradition, which considers its object, the discourse, as “the theoretical place in which all its great questions about language, history, the subject are intricate” (MALDIDIER, 2003, p.15). At the end of this research, we conclude that the current model of data extraction and recommendation of targeted advertising adopted by large technology companies has contributed to hinder the effective insertion of subjects in daily life, according to the terms of Agnes Heller (2011).
Palavras-chave
ChanCapitalismo de dados
Língua
Alt-Right
Ódio
Chan
Data Capitalism
Language
Alt-Right
Hate