Educação não-formal e emancipação humana sob o olhar da psicologia

Abstract

O presente trabalho tem como cenário de pesquisa um campo crescente da área da educação, especialmente nas duas últimas décadas, o campo da educação não-formal, que tem ocupado grandes espaços na realidade brasileira. Trata-se de uma pesquisa qualitativa-descritiva, cujo objetivo geral é identificar, avaliar e discutir as atividades educativas desenvolvidas nos espaços de educação não-formal, voltados às crianças e adolescentes, em um município do interior do Estado de São Paulo, sob a perspectiva dos profissionais, e suas relações com atividades educativas emancipatórias, em uma perspectiva marxista. Participaram desta pesquisa três entidades que atuam no modelo da educação não-formal, sendo entrevistados três educadores, três coordenadoras e duas psicólogas que atuam nestes locais. Para o levantamento dos dados foi utilizado um roteiro de entrevista semi-estruturada. Os dados das entrevistas foram sistematizados em categorias e foi realizada a Análise de Conteúdo. Os resultados indicam as dificuldades em se conferir a uma prática educativa um caráter emancipador; mostram que as atividades educativas desenvolvidas pelas entidades pesquisadas não podem ser caracterizadas como emancipatórias, uma vez que têm como objetivo maior a luta pela cidadania e não pela emancipação humana, entendida como a superação da forma de sociabilidade capitalista; e apontam para a necessidade de formação dos profissionais que atuam neste modelo educacional, assim como para uma atuação do psicólogo comprometida com a conscientização daqueles com os quais atua.

The present work has as research scene an increasing education area field, especially in the two last decades, the non-formal education field that has taken great spaces in the Brazilian reality. It is a qualitative-descriptive research, whose general objective is to identify, to evaluate and to argue the educative activities developed in the non-formal education space, to the children and adolescents, in a interior city of the São Paulo State, and their relations to the emancipatory educative activities, in a marxist perspective. Took part from this research three entities that act in the model of the non-formal education, being interviewed three educators, three coordinators and two psychologists who act in these spaces. A semi-structured interview script was used to raise the data. The interview data were systematized in categories and the Content Analysis was done. The results indicate the difficulties in conferring to an educative activity emancipator character; show that the educative activities developed by the searched spaces cannot be characterized as emancipatory, as they have as greater objective the fight for the citizenship and not for the human emancipation, understood as the capitalist sociability form overcoming; and points to the necessity of the professionals formation who act in this educational model, as well as for psychologist performance compromised to the awareness of those with who they act.