Internações de crianças e adolescentes com complexidade médica no Brasil: análise temporal de 2009 a 2020
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Autor
Orientador
Nucci, Luciana BertoldiData de publicação
07/12/2021Tipo de conteúdo
DissertaçãoDireitos de acesso
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Crianças com complexidade médica (CMC) apresentam um ou mais problemas crônicos de saúde, necessidades de cuidados especializados e contínuos, limitações funcionais e alta utilização da assistência à saúde. O acesso às tecnologias avançadas de saúde viabilizou uma taxa de sobrevida cada vez maior de CMC e aumentos consistentes nas taxas de hospitalização de crianças diagnosticadas em várias categorias de doenças crônicas complexas. O objetivo deste estudo foi investigar as principais características das internações hospitalares de crianças e adolescentes com complexidade médica no Brasil por meio do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se de um estudo transversal com dados secundários do SIH/SUS. A população consiste em crianças e adolescentes com complexidade médica internadas nos serviços hospitalares do SUS de 2009 a 2020, em todos os 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Para identificar os critérios para classificar esta população e indicar a definição mais relevante no meio científico para execução da pesquisa, foi realizada inicialmente uma revisão sistemática de literatura, com estudos nos idiomas: português, inglês e espanhol. Após obtenção da definição de CMC mais relevante, conduzimos a pesquisa proposta e estudamos as internações sob a perspectiva do perfil epidemiológico e tendência temporal. Os resultados de nossa revisão sistemática apontaram as definições de CMC propostas por Feudtner, Christakis & Connell (2000) e sua atualização Feudtner et al. (2014) como as mais amplamente utilizadas. Selecionamos a definição Feudtner et al. (2014) e utilizamos o “Pacote R para condição crônica complexa pediátrica” para seleção de nossa amostra. Em nossa análise das internações, verificamos que no período de 2009 a 2020 ocorreram 1.337.120 internações de CMC, com maior percentual de internações em menores de um ano (24,2%) seguidas das crianças na faixa etária de 5 a <9 anos (23,5%). A taxa de incidência de hospitalizações foi maior no sexo masculino e na região Sul do Brasil. O percentual de óbitos durante o período analisado foi de 4,0%. As categorias diagnósticas mais recorrentes foram respectivamente malignidade (41,0%), cardiovascular (13,0%), hematológico ou imunológico (9,6%) e neuromuscular (9,3%). Houve aumento da taxa de incidência de internações durante o período analisado. Este cenário aponta para a necessidade iminente de traçar estratégias para garantir o cuidado integral a essas crianças e adolescentes, por meio de linhas de cuidado destinadas a esse público.
Children with medical complexity (CMC) present with one or more chronic health problems, specialized and ongoing care needs, functional limitations, and high health care utilization. Access to advanced health care technologies has enabled an increasing survival rate of CMC and consistent increases in hospitalization rates for children diagnosed with various categories of chronic complex illnesses. The aim of this study was to investigate the main characteristics of hospital admissions of children and adolescents with medical complexity in Brazil through the Hospital Information System (SIH) of the Brazilian Unified Health System (SUS). This is a cross-sectional study with secondary data from SIH/SUS. The population consists of children and adolescents with medical complexity admitted to SUS hospital services from 2009 to 2020, in all 26 Brazilian states and the Federal District. To identify the criteria to classify this population and indicate the most relevant definition in the scientific community for carrying out the research, a systematic literature review was initially carried out, with studies in the languages: Portuguese, English and Spanish. After obtaining the most relevant definition of CMC, we conducted the proposed research and studied the hospitalizations from the perspective of epidemiological profile and temporal trend. The results of our systematic review pointed to the definitions of CMC proposed by Feudtner, Christakis, and Connell (2000) and its update Feudtner et al. (2014) as the most widely used. We selected the Feudtner et al. (2014) definition and used the "R-Package for pediatric complex chronic condition" for our sample selection. In our analysis of hospitalizations, we found that 1,337,120 CMC hospitalizations occurred from 2009 to 2020, with the highest percentage of hospitalizations in children under one year of age (24,2%) followed by children in the age group 5 to <9 years (23,5%). The incidence rate of hospitalizations was higher in males and in the southern region of Brazil. The percentage of deaths during the analyzed period was 4,0%. The most recurrent diagnostic categories were respectively malignancy (41,0%), cardiovascular (13,0%), hematological or immunological (9,6%) and neuromuscular (9,3%). There was an increase in the incidence rate of hospitalizations during the analyzed period. This scenario points to the imminent need to devise strategies to ensure comprehensive care for these children and adolescents, through lines of care aimed at this public.
Palavras-chave
Crianças com complexidade médicaCrianças com Condições Crônicas Complexas
Sistemas de Informação em Saúde
Epidemiologia
Children with medical complexity
Children with Complex Chronic Conditions
Health Information Systems
Epidemiology