dc.description.abstract | O termo transgênero é utilizado para definir um indivíduo que se identifica
com o gênero diferente ao que lhe foi atribuído ao nascer. Para reconhecer-se com
determinada identidade, o transgênero pode optar por fazer mudanças corporais e no
modo de se expressar. Um aspecto que estereotipa a binaridade de gênero, é a voz, até
por conta das diferenças psicoacústicas e anatômicas entre os indivíduos cisgênero. As
pessoas trans procuram formas para adaptar a voz e o modo de se comunicar que
confirme sua identidade de gênero. O fonoaudiólogo é apto para trabalhar com a voz
humana e, portanto, com a função de (re)adaptar a voz e a comunicação de pessoas
transgênero. Objetivo:Realizar revisão integrativa de literatura em condutas e técnicas
fonoaudiológicas voltadas à (re)adaptação da voz e da comunicação de pessoas
transgênero. Métodos: Estudo de caráter analítico e qualitativo, em que foi realizada
revisão de literatura, através de consulta às bases de dados SciElo, LILACS,
MEDLINE/PubMed e Pubmed Central. Houve seleção e análise de artigos originais,
publicados na íntegra, a partir da escolha de descritores em ciências da saúde, em
português e inglês, com submissão a teste de relevância visando-se atender critérios de
inclusão, com a finalidade de se verificar e discutir a atuação fonoaudiológica com a voz e
a comunicação de pessoas trans. Resultados: Cinco artigos científicos compuseram a
amostra final, sendo um estudo brasileiro e os demais estrangeiros. Na totalidade os
estudos envolveram 84 participantes, 53 mulheres trans (63,1%) e 31 homens trans
(36,9%). Os autores utilizaram protocolos e softwares, pré e pós terapia fonoaudiológica,
para análise psicoacústica da voz. A intervenção fonoaudiológica variou de 12 a 22
sessões. Os autores determinaram parâmetros vocais e de comunicação a serem
trabalhados, tais como frequência fundamental, tipo de foco de ressonância e entonação
de fala, contudo, os estudos divergem em técnicas terapêuticas, sendo que um empregou
a técnica da vogal sustentada, outro usou o método de fala, também foi aplicado em um
artigo os exercícios de função vocal Stemple. Em três estudos com a presença de
mulheres trans, a elevação da frequência fundamental pré e pós terapia variou de 115 Hz
a 178 Hz. Em outro estudo há a participação de homens trans, na qual constatou-se uma
média de 161 Hz na análise inicial da frequência fundamental e na pós-terapia constatou se 143,2 Hz, havendo diminuição da frequência fundamental. Conclusão: Conclui-seque
as técnicas fonoaudiológicas utilizadas pelos autores são efetivas para a (re)adequação
vocal de pessoas trans, sendo viável a elevação ou diminuição da frequência fundamental
de fala e consequentemente, a mudança depitch. Com relação aos aspectos de
comunicação, nenhum dos artigos retrata os resultados obtidos após terapia. Existe
escassez de produções científicas brasileiras e internacionais acerca da atuação
fonoaudiológica com a população trans e todos os artigos reforçam a necessidade da
realização de pesquisas acerca deste tema, pois as produções científicas auxiliam os
profissionais na atuação clínica. | pt_BR |