Fatores de proteção para a saúde mental do trabalhador: efeitos de um trabalho decente e com significado
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Título alternativo
Protective factors for workers' mental health: effects of decent and meaningful workAutor
Orientador
Messias, João Carlos CaselliData de publicação
28/02/2024Tipo de conteúdo
Tese de doutoradoPrograma de Pós-Graduação
PsicologiaDireitos de acesso
Acesso abertoMetadados
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A saúde mental no âmbito laboral há tempos é tema de preocupação das principais organizações ligadas à saúde e ao trabalho, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Juntas, em 1986 elaboraram um documento para a divulgação e planos de atuação relativos aos fatores psicossociais (FPS) do trabalho. Estes fatores são considerados como as consequências nos âmbitos do desempenho, satisfação e saúde do trabalhador, resultantes da interação entre este e suas características individuais e o ambiente de trabalho, com seu conteúdo e condições organizacionais. Quando em condições inadequadas, podem representar riscos à saúde mental do trabalhador, denominando-se de Fatores de Risco Psicossociais (FRPS), gerando quadros emocionais que podem iniciar com o desgaste emocional, evoluindo para quadros mais graves, como Burnout, ansiedade e depressão. As consequências negativas destes quadros são inúmeras, causando prejuízo tanto para o trabalhador quanto para a organização. Por outro lado, há fatores que podem ser protetivos para a saúde mental do trabalhador, aumentando o seu bem-estar psíquico. Estes fatores, relativos a aspectos subjetivos individuais e organizacionais, podem minimizar o sofrimento mental e aumentar o afeto positivo com relação ao trabalho. Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito benéfico de dois construtos existentes, o Significado do Trabalho (ST) e o Trabalho Decente (TD), para a saúde mental do trabalhador. Foram realizados dois estudos, o primeiro com o intuito de aprofundar a compreensão sobre a percepção do conceito de ST para o trabalhador, com base na análise de estudos sobre este conceito que utilizaram metodologia qualitativa. Por meio de uma revisão da literatura do tipo escopo, observou-se que o ST se apresenta como fator significativamente importante da representatividade do trabalho na vida de trabalhadores conforme a profissão e o contexto de vida. O segundo estudo, de metodologia quantitativa, consistiu na aplicação de instrumentos em uma amostra de trabalhadores para avaliar os efeitos mediadores dos construtos de ST e de TD na saúde mental, frente aos possíveis FRPS existentes. Observou-se que ambos os constructos exercem efeito mediador parcial para o sofrimento mental relativo aos fatores relacionados à violência no local de trabalho, presença de autonomia na função exercida e principalmente a condições que geram satisfação na atuação laboral. Conclui-se, pelos dois estudos realizados, que fatores laborais positivos, seja via a execução de uma função que tenha significado no âmbito individual de vida, assim como do exercício de um trabalho que proporcione condições satisfatórias, são benéficos ao atuar de forma conjunta para fortalecer o bem-estar emocional do trabalhador e minimizar os efeitos danosos dos riscos psicossociais existentes. Recomenda-se que as organizações invistam no conhecimento das características e necessidades individuais do trabalhador, bem como na avaliação contínua dos fatores estruturais organizacionais como um bom caminho para ações preventivas. Sugere-se futuros estudos neste tema com diferentes abordagens para maior aprofundamento e aperfeiçoamento de meios de identificação do sofrimento mental dos trabalhadores, bem como para o direcionamento adequado de medidas de intervenção nas organizações, considerando-se as características socioeconômicas e culturais nas quais estão inseridas.
Mental health in the workplace has long been a topic of concern for the main organizations linked to health and work, such as the World Health Organization (WHO) and the International Labor Organization (ILO). Together, in 1986 they prepared a document for the dissemination and action plans relating to the psychosocial factors (PF) of work. These factors are considered as consequences in the areas of worker performance, satisfaction and health, resulting from the interaction between them and their individual characteristics and the work environment, with its content and organizational conditions. When in inadequate conditions, they can pose risks to the worker's mental health, called Psychosocial Risk Factors (PRF), generating emotional conditions that can begin with emotional exhaustion, progressing to more serious conditions, such as Burnout, anxiety and depression. The negative consequences of these conditions are numerous, causing harm to both the worker and the organization. On the other hand, there are factors that can be protective for the worker's mental health, increasing their psychological well being. These factors, relating to individual and organizational subjective aspects, can minimize mental suffering and increase positive affect towards work. This study aimed to evaluate the beneficial effect of two existing constructs, Meaning of Work (MW) and Decent Work (DW), on workers' mental health. Two studies were carried out, the first with the aim of deepening the understanding of the perception of the concept of MW for workers, through the analysis of studies on this concept that used qualitative methodology. Through a scoping literature review, it was observed that MW presents itself as a significantly important factor in the representation of work in the lives of workers according to their profession and life context. The second study, with a quantitative methodology, consisted of the application of instruments to a sample of workers to evaluate the mediating effects of the MW and DW constructs on the worker's mental health in light to a possible existing FRPS. It was observed that both constructs exert a partial mediating effect on mental suffering related to factors related to violence in the workplace, the presence of autonomy in the role performed and mainly to conditions that generate satisfaction in work performance. It is concluded, from the two studies carried out, that positive work factors, whether through the performance of a function that has meaning in the individual sphere of life; as well as carrying out work that provides satisfactory conditions, are beneficial when acting together to strengthen the worker's emotional well-being and minimize the harmful effects of existing psychosocial risks. It is recommended that organizations invest in knowledge of the worker's individual characteristics and needs, as well as in the continuous assessment of organizational structural factors as a good path to preventive actions. Future studies on this topic are suggested with different approaches to further deepen and improve means of identifying the mental suffering of workers, as well as for the appropriate targeting of intervention measures in organizations, considering the socioeconomic and cultural characteristics in which they are inserted.
La salud mental en el lugar de trabajo preocupa desde hace tiempo a las principales organizaciones vinculadas a la salud y el trabajo, como la Organización Mundial de la Salud (OMS) y la Organización Internacional del Trabajo (OIT). Juntas, en 1986, elaboraron un documento para difundir información y planes de acción sobre los factores psicosociales (FPS) en el trabajo. Estos factores se consideran las consecuencias en términos de rendimiento, satisfacción y salud de los trabajadores, resultantes de la interacción entre los trabajadores y sus características individuales y el entorno de trabajo, con su contenido y condiciones organizativas. Cuando se encuentran en condiciones inadecuadas, pueden suponer riesgos para la salud mental del trabajador, conocidos como Factores de Riesgo Psicosocial (FRP), generando condiciones emocionales que pueden comenzar con el agotamiento emocional, evolucionando hacia condiciones más graves como el burnout, la ansiedad y la depresión. Las consecuencias negativas de estas condiciones son numerosas, causando daños tanto al trabajador como a la organización. Por otro lado, existen factores que pueden proteger la salud mental de los trabajadores, aumentando su bienestar psicológico. Estos factores, relacionados con aspectos subjetivos individuales y organizativos, pueden minimizar el sufrimiento mental y aumentar el afecto positivo hacia el trabajo. El objetivo de este estudio era evaluar el efecto beneficioso de dos constructos existentes, el Significado del Trabajo (ST) y el Trabajo Decente (TD), sobre la salud mental de los trabajadores. Se realizaron dos estudios, el primero con el objetivo de profundizar en la comprensión de la percepción del concepto de ST para los trabajadores, a partir del análisis de estudios sobre este concepto que utilizaron metodología cualitativa. Mediante una revisión bibliográfica de alcance, se observó que el ST es un factor significativamente importante en la representatividad del trabajo en la vida de los trabajadores, dependiendo de su profesión y contexto vital. El segundo estudio, con metodología cuantitativa, consistió en aplicar instrumentos a una muestra de trabajadores para evaluar los efectos mediadores de los constructos ST y TD sobre la salud mental, ante posibles FRPs existentes. Se observó que ambos constructos tienen un efecto mediador parcial sobre el sufrimiento mental en relación con factores relacionados con la violencia en el trabajo, la presencia de autonomía en el trabajo y, sobre todo, las condiciones que generan satisfacción en el trabajo. De los dos estudios se puede concluir que los factores positivos del trabajo, ya sea a través del desempeño de un trabajo que tenga sentido para el individuo en la vida, o del ejercicio de un trabajo que proporcione condiciones satisfactorias, son beneficiosos cuando actúan conjuntamente para fortalecer el bienestar emocional del trabajador y minimizar los efectos nocivos de los riesgos psicosociales existentes. Se recomienda que las organizaciones inviertan en el conocimiento de las características y necesidades individuales de los trabajadores, así como en la evaluación continua de los factores estructurales de la organización, como una buena forma de adoptar medidas preventivas. Se sugieren futuros estudios sobre este tema con diferentes abordajes para profundizar y mejorar los medios de identificación del sufrimiento mental de los trabajadores, así como para orientar adecuadamente las medidas de intervención en las organizaciones, teniendo en cuenta las características socioeconómicas y culturales en las que están insertas.
Palavras-chave
Saúde mentalFatores psicossociais
Significado do trabalho
Trabalho decente
Mental health
Psychosocial factors
Meaning of work
Decent work
Salud mental
Factores psicosociales
Significado del trabajo
Trabajo decente