Avaliação do impacto do binge watching na saúde mental: um estudo transcultural com universitários brasileiros e canadenses
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Autor
Orientador
Andrade, André Luiz MoneziData de publicação
11/12/2024Tipo de conteúdo
Dissertação de mestradoPrograma de Pós-Graduação
PsicologiaDireitos de acesso
Acesso abertoMetadados
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As mídias digitais são ferramentas que fazem parte do cotidiano da sociedade. Diante disso, novos fenômenos emergiram em decorrência de padrões excessivos de consumo de conteúdos online, como o binge watching (BW), que se refere ao consumo sucessivo de múltiplos episódios de séries de filmes. Apesar de ser considerado uma alternativa de entretenimento, estudos recentes têm apontado associações entre o BW e impactos na saúde mental, como ansiedade, depressão, estresse, dificuldades na regulação emocional, negligência de compromissos, distúrbios do sono e estilo de vida sedentário, além de problemas de saúde em função da exposição prolongada a telas. Além disso, existe a preocupação de que o BW possa se tornar uma dependência comportamental (DC). Dessa forma, esta pesquisa teve como objetivo investigar associações entre o BW e problemas de saúde mental em estudantes universitários brasileiros e canadenses. As variáveis estudadas foram: sintomas oculares, depressão, ansiedade, estresse, dependência de smartphones, impulsividade, consumo de álcool, qualidade de vida e regulação emocional. O estudo adotou um delineamento quantitativo, transversal, exploratório e multicêntrico, conduzido no Brasil e no Canadá. A amostra foi composta por 1.496 estudantes universitários, sendo 1.191 brasileiros (76,1% mulheres, 23,9% homens) e 305 canadenses (77,3% mulheres, 22,7% homens), selecionados por conveniência. Os participantes responderam à pesquisa on-line, por meio das plataformas SurveyMonkey e Qualtrics. Os instrumentos de avaliação utilizados, além do sociodemográfico, foram: Questionário de Percepção de Binge Watching, Smartphone Addiction Scale - Short Version (SAS-SV), Depression Anxiety Stress Scale (DASS-21), Escala de Dificuldade na Regulação Emocional (DERS-18), Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT), World Health Organization Quality of Life (WHOQOL-Bref) e Impulsive Behavior Scale (UPPS-P). A amostra foi estratificada em dois grupos: “binge watchers” (BW), classificados por relatarem assistir séres "semanalmente ou quase todos os dias" e consumir três ou mais episódios consecutivos, e o grupo "não binge watchers" (nBW). O grupo BW incluiu 429 participantes, enquanto o grupo nBW abrangeu 1067. Observaram-se associações estatisticamente significativas relacionadas ao gênero e ao país de origem, com 30% das mulheres na amostra total e 40% dos canadenses sendo classificados como BW. De forma geral, o grupo BW apresentou uma frequência maior de dependência de smartphones, e médias superiores em dificuldades de regulação emocional, ansiedade, depressão, estresse e impulsividade. Além disso, o grupo BW apresentou níveis menores de qualidade de vida, consumo de álcool em maior quantidade e maior frequência de episódios de consumo exacerbado (binge drinking). Na análise de rede, destaca-se o gênero como a variável de maior centralidade na amostra total e entre os participantes brasileiros, sugerindo uma maior propensão do gênero feminino a se envolver em comportamentos de BW. Esta pesquisa, de maneira geral, contribuiu para a expansão do conhecimento sobre o BW e suas relações com problemas de saúde. No entanto, é necessário que mais estudos sejam conduzidos sobre o tema, a fim de estabelecer ferramentas de avaliação, intervenção e prevenção para um consumo saudável de mídias digitais e séries televisivas.
Digital media has become an integral part of society's daily life. Consequently, new phenomena have emerged due to excessive patterns of online content consumption, such as binge watching (BW), which refers to the consecutive viewing of multiple episodes of series or movies. Despite being considered an entertainment alternative, recent studies have pointed out associations between BW and mental health impacts, such as anxiety, depression, stress, difficulties in emotional regulation, neglect of commitments, sleep disorders, and sedentary lifestyles, as well as health problems due to prolonged screen exposure. Additionally, there is concern that BW may become a behavioral dependency (BD). Thus, this research aimed to investigate associations between BW and mental health issues among Brazilian and Canadian university students. The studied variables included ocular symptoms, depression, anxiety, stress, smartphone dependency, impulsivity, alcohol consumption, quality of life, and emotional regulation. The study adopted a quantitative, cross-sectional, exploratory, and multicenter design, conducted in both Brazil and Canada. The sample consisted of 1,496 university students, with 1,191 Brazilians (76.1% female, 23.9% male) and 305 Canadians (77.3% female, 22.7% male), selected by convenience sampling. Participants completed an online survey via the SurveyMonkey and Qualtrics platforms. The assessment instruments used, in addition to a sociodemographic questionnaire, were: Binge Watching Perception Questionnaire, Smartphone Addiction Scale - Short Version (SAS-SV), Depression Anxiety Stress Scale (DASS-21), Difficulty in Emotional Regulation Scale (DERS-18), Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT), World Health Organization Quality of Life (WHOQOL-Bref), and Impulsive Behavior Scale (UPPS-P). The sample was stratified into two groups: binge watchers (BW), classified as reporting watching series "weekly or almost daily" and consuming three or more consecutive episodes, and the nonbinge watchers (nBW) group. The BW group included 429 participants, while the nBW group comprised 1,067. Statistically significant associations related to gender and country of origin were observed, with 30% of women in the total sample and 40% of Canadians being classified as BW. Overall, the BW group exhibited a higher frequency of smartphone dependency and higher mean scores in emotional regulation difficulties, anxiety, depression, stress, and impulsivity. Additionally, the BW group showed lower levels of quality of life, higher alcohol consumption, and a higher frequency of binge drinking episodes. In the network analysis, gender stood out as the most central variable in the total sample and among Brazilian participants, suggesting a greater propensity for the female gender to engage in BW behaviors. This research, in general, contributed to the expansion of knowledge about BW and its relationships with health problems. However, more studies are needed on the topic to establish assessment, intervention, and prevention tools for healthy consumption of digital media and television series.
Palavras-chave
Binge WatchingSaúde Mental
Universitários
Problemas Emocionais
Health
University Students
Emotional Issues