Intervenção fonoaudiológica em crianças com respiração oral: Revisão de Literatura

Abstract

Introdução: A respiração oral é uma condição que afeta o desenvolvimento infantil, influenciando diversas funções do sistema estomatognático. O papel do fonoaudiólogo é crucial na identificação precoce e no tratamento personalizado, visando mitigar complicações e promover uma abordagem integrada. Objetivo: Realizar revisão de literatura para identificar e analisar a intervenção fonoaudiológica voltada a crianças com respiração oral, destacando-se estratégias de avaliação e intervenção. Metodologia: trata-se de revisão integrativa de literatura, de caráter analítico-descritivo, tendo sido selecionado artigos científicos originais, publicados entre 2009 e 2024 voltados à intervenção fonoaudiológica em crianças com respiração oral. Os descritores em Ciências da Saúde DeCS utilizados incluíram "Respiração Bucal", "Sistema Estomatognático", "Terapia Miofuncional", "Fonoterapia" e "Criança", com seus equivalentes em inglês. As bases de dados consultadas foram Scientific Eletronic Library Online (Scielo), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed- Medline. Resultados e comentários: Os artigos revisados investigam as características miofuncionais e disfunções do sistema estomatognático em crianças com respiração oral e exploram intervenções terapêuticas fonoaudiológicas. Os protocolos MBGR e AMIOFE foram os instrumentos de avaliação utilizados, visando ao diagnóstico de distúrbios miofuncionais. O espelho de Glatzel foi apontado como complementar a essas avaliações ao fornecer dados objetivos sobre a função nasal e obstruções. Os estudos mostram que crianças respiradoras orais frequentemente têm comprometimentos na tonicidade e mobilidade orofacial, há inadequações de postura, alteração da mastigação, deglutição bem como a fala, impactando a qualidade de vida. Os estudos sobre intervenções terapêuticas para respiradores orais mostraram que exercícios variados, como atividades lúdicas, aquecimento e vascularização da musculatura facial foram eficazes na reabilitação. Contudo, há uma escassez de pesquisas aprofundadas sobre essas práticas. As sessões dos estudos variaram de 10 a 12 sessões, evidenciando que a falta de detalhes sobre a duração das sessões limita a comparação direta entre os métodos. Considerações finais: a persistência da respiração oral durante a fase crescimento do indivíduo pode provocar diversas alterações no sistema estomatognático e no desenvolvimento craniofacial. Os estudos apontam prevalência de tensão e baixo tônus dos músculos faciais, interferindo no desenvolvimento do esqueleto craniofacial. Ademais, a articulação dos sons acaba sendo prejudicada pela respiração oral. Apesar de ambos os artigos serem eficazes na reabilitação de funções orofaciais e respiratórias, o número de sessões e os objetivos específicos utilizados variaram, refletindo nas diferenças de resultados.

Introduction:Mouth breathing is a condition that affects child development, influencing several functions of the stomatognathic system. The role of the speech therapist is crucial in early identification and personalized treatment, aiming to mitigate complications and promote an integrated approach. Objective: To carry out a literature review to identify and analyze speech therapy intervention aimed at children with mouth breathing, highlighting assessment and intervention strategies. Methodology:This study consists of an integrative literature review, of an analytical-descriptive nature, selecting original scientific articles, published between 2009 and 2024 focused on speech therapy intervention in children with mouth breathing. The guiding question was about how this intervention is conducted and its effects. The DeCS Health Sciences descriptors used included "Mouth Breathing", "Stomatognathic System", "Myofunctional Therapy", "Speech Therapy" and "Child", with their equivalents in English. The databases consulted were Scientific Electronic Library Online (Scielo), Virtual Health Library (VHL) and PubMed-Medline. Results and comments: The articles reviewed investigate the myofunctional characteristics and dysfunctions of the stomatognathic system in children with mouth breathing and explore speech therapy interventions. The MBGR and AMIOFE protocols were identified in studies as instruments for evaluating orofacial functions, aiming at diagnosing myofunctional disorders. The Glatzel mirror was noted as complementary to these assessments by providing objective data on nasal function and obstructions. Studies show that mouth-breathing children often have impaired tonicity and orofacial mobility, there are inadequacies in posture, changes in chewing, swallowing and speech, impacting quality of life. Persistent oral breathing can cause changes in the stomatognathic system and craniofacial development, problems with the maxillary and mandibular structure, and malocclusions due to the interposition of the tongue. Studies on therapeutic interventions for mouth breathers showed that varied exercises, such as playful activities, warming up and vascularization of facial muscles were effective in rehabilitation. However, there is a lack of in-depth research on these practices. Study sessions ranged from 10 to 12 sessions, showing that the lack of details about session duration limits direct comparison between methods.Final considerations: There was a prevalence of tension and low tone of the facial muscles, interfering with the development of the craniofacial skeleton. Furthermore, the articulation of sounds ends up being impaired by oral breathing. Although both articles are effective in the rehabilitation of orofacial and respiratory functions, the number of sessions and the specific objectives used varied, reflecting the differences in results.