Corpo e natureza: contribuições alvesianas para um novo humanismo ecológico

Abstract

Por razões cronológicas e epistemológicas, uma vez que nosso autor de referência, Rubem Alves, morreu em 2014, este artigo não alcança discussões acerca, por exemplo, dos desafios do Antropoceno –até para evitarmos possíveis anacronismos. De todo modo, nossa proposta é de uma concepção antropológica contra-hegemônica no que se refere às relações entre humanidade e natureza (ou criação, em sentido teológico), aquelas que foram construídas e sustentadas por uma tríade: capitalismo, tecnologia e mercado. Com base em pesquisa bibliográfica e de interpretação densa de textos, nossos objetivos específicos ou secundários são os seguintes: (1) discutir como o dualismo contribuiu para disjunção entre ser humano e natureza; (2) apresentar e defender o corpo como locusprivilegiado, no humano, para o acolhimento da criação, portanto, da natureza; e (3) apontar aberturas e caminhos para uma humanização cada vez maior do corpo e, consequentemente, do entendimento e aceitação da vida como dádiva. Esperamos demonstrar que a reflexão antropológica de Rubem Alves oferece elementos para uma proposta de novo humanismo, que não se encontra baseada numa compreensão dualista, mas, nates, num paradigma ecológico. Noutros termos, trata-se de um caminho para a compreensão de que a vida se baseia na convicção de que tudo está conectado

For chronological and epistemological reasons, as our reference author, Rubens Alves, died in 2014, this article does not reach discussions about the challenges of the Anthropocene, for example. By doing that we avoid potential anachronisms. Nevertheless, our proposition is a counter-hegemonic anthropological conception of the relationship between humanity and nature (or creation in the theological sense), constructed and sustained by a triad: capitalism, technology, and the market. Using bibliographical research and intensive text interpretation, our specific or secondary goals are the following: (1) discuss how the dualism contributed to the disjunction between humans and nature; (2) present and argue the body as a privileged locus, in the human, for the sheltering of the creation, and therefore, of the nature too; and (3) point out the gaps and ways for a grater humanization of the body and, as a consequence, a better understanding and acceptance of the life as a gift. We hope to demonstrate that Rubem Alves’s anthropological reflection offers elements to a new humanism proposition. This new proposition is not supported in a dualistic comprehension, it is based on the ecological paradigm. In other words, it is a way to understand life based on the awareness that everything is connected