Acúmulo de produtos finais de glicação avançada na pele, composição corporal, saúde muscular e hábitos alimentares em pessoas idosas atendidas no centro de envelhecimento e longevidade - Vitalità PUC Campinas

Abstract

Introdução: Os produtos finais de glicação avançada (AGEs) são moléculas formadas pela glicação não enzimática entre açúcares e aminas, ocorrendo durante o preparo de alimentos, mas também endogenamente no corpo humano. Os AGEs podem se acumular no corpo durante o envelhecimento e afetar a saúde ao gerar espécies reativas de oxigênio e citocinas inflamatórias. Métodos não invasivos para medir o acúmulo de AGEs, como a autofluorescência da pele (SAF), têm sido desenvolvidos e podem ser úteis em estudos futuros sobre a saúde das pessoas idosas. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o acúmulo de AGEs na pele correlacionando com a composição corporal e consumo dietético em pessoas idosas. Métodos: Foram coletados dados sociodemográficos, questionário de frequência alimentar para AGES, questionário Sarc F + CC (Circunferência da panturrilha), avaliação da SAF e escala de Fitzpatrick, análise da bioimpedância (BIA), teste de levantar-se e andar – Timed up & go (TUG) e medida da força de preensão manual (dinamômetro manual) em pessoas idosas em um Centro de Envelhecimento em um Programa de Universidade. Resultados: O consumo dietético dos AGEs foi em média de 12104 ± 5719 KU/dia apontando o consumo de alimentos industrializados como responsáveis pelo conteúdo de AGEs dietéticos. Houve correlação significativa entre SAF e IMC e entre SAF e % de massa gorda, sem relação com idade, consumo de AGEs, uso de medicação e desempenho muscular. Houve também correlação positiva entre IMC massa gorda e risco cardiovascular sem relação com a AGES dietéticos, medicamentos e desempenho físico. Conclusão: Embora a incidência de sarcopenia tenha sido baixa, foi observado que o acúmulo de produtos finais de glicação avançada (AGEs) está ligado a uma composição corporal prejudicial, aumentando o risco de doenças cardiovasculares. Apesar de a ingestão alimentar de AGEs não tenha se correlacionado com o acúmulo de AGEs ou com o desempenho físico, o SAF foi associado a medidas relacionadas à obesidade. Esses achados sugerem que o acúmulo de AGEs em idosos pode ser mais influenciado pela composição corporal ou produção endógena do que pela ingestão alimentar isoladamente. O monitoramento do SAF pode ser útil na avaliação do risco cardiovascular e dos desfechos de saúde relacionados à composição corporal em populações em envelhecimento.

Introduction: Advanced glycation end products (AGEs) are molecules formed by nonenzymatic glycation between sugars and amines, occurring during food preparation, but also endogenously in the human body. AGEs can accumulate in the body during aging and affect health by generating reactive oxygen species and inflammatory cytokines. Non-invasive methods to measure the accumulation of AGEs, such as skin autofluorescence (SAF), have been developed and may be useful in future studies on the health of older people. Therefore, the objective of this study was to evaluate the accumulation of AGEs in the skin, correlating with body composition and dietary intake in elderly people. Methods: Sociodemographic data, food frequency questionnaire for AGES, Sarc F + CC (Calf Circumference) questionnaire, SAF assessment and Fitzpatrick scale, bioimpedance analysis (BIA), Timed up & go (TUG) and measurement of handgrip strength (manual dynamometer) in elderly people at an Aging Center at a University Program were collected. Results: Dietary consumption of AGEs was on average 12104 ± 5719 KU/day, indicating the consumption of processed foods as responsible for the content of dietary AGEs. There was a significant correlation between SAF and BMI and between SAF and % fat mass, with no relation to age, consumption of AGEs, use of medication and muscular performance. There was also a positive correlation between BMI fat mass and cardiovascular risk unrelated to dietary AGES, medications and physical performance. Conclusion: Although the incidence of sarcopenia was low, it was observed that the accumulation of advanced glycation end products (AGEs) is linked to harmful body composition, increasing the risk of cardiovascular diseases. While the dietary AGE intake did not correlate with AGE accumulation or physical performance, SAF was associated with obesity-related measures. These findings suggest that AGE accumulation in older adults may be more influenced by body composition or endogenous production than dietary intake alone. Monitoring SAF could be useful in assessing cardiovascular risk and body composition-related health outcomes in aging populations.