Das fontes ao anseio de justiça: Contemplação poética e mística em Sophia de Mello Breyner Andresen
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//2020Tipo de conteúdo
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Segundo Karl Rahner (1964), o cristão, sendo um ouvinte da Palavra de Deus encarnada na história, deve estar capacitado, exercitado e agraciado para ouvir a palavra poética que é a palavra mediante a qual o mistério se torna presente. A poesia é parte essencial do humano porque evoca o Mistério Inefável presente no humano e no mundo. Assumindo como justificativa a palavra do teólogo, colocamo-nos, a partir da teologia, à escuta de Sophia de Mello Breyner Andresen, com o objetivo de explicitar em seus poemas a relação entre mística e poesia. A proposta deste artigo é apontar os elementos místicos presentes na poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), tendo como referências os teólogos K. Rahner, J. Moltmann, E. Schillebeeckx e J. B. Metz. Mais especificamente sobre o fenômeno místico e suas características essenciais, recorremos à análise fenomenológica de Juan Martin Velasco e à abordagem histórica de Bernard McGinn. No que diz respeito ao diálogo com a crítica literária, contamos principalmente com o estudo realizado por Carlos Ceia. Na escuta dos poemas de Sophia, tomando o cuidado de não fazer uma identificação ingênua entre o discurso literário e a teologia da revelação, como recomenda Kuschel, procuramos reconhecer a presença de elementos místicos, especialmente relacionados com o estilo despojado (gosto pela simplicidade) e a experiência de Deus como Mistério Santo na contemplação da natureza, elementos que se desdobram na manifestação de um anseio de justiça, possibilitando aproximar a obra da poeta de uma “Mística de Olhos Abertos” (Metz).
Palavras-chave
MísticaPoesia
Sophia Andresen
Contemplação
Compromisso social
