Encontros narrativos com mães, pais e bebês na transição para a parentalidade

Abstract

A experiência de transição para a parentalidade é constelada por novos sentidos na sociedade contemporânea, na medida em que se discute a transformação dos papéis parentais, bem como as novas temáticas relacionadas ao cuidado infantil. Compreendendo esse cenário, investigamos a experiência emocional de casais durante a transição para a parentalidade em termos dos sentidos afetivo-emocionais que sustentam a conduta parental. Realizamos um estudo qualitativo longitudinal com o método psicanalítico, do qual participaram quatro casais que vivenciavam a parentalidade pela primeira vez. Foram realizadas quatro encontros com cada casal em momentos emblemáticos dessa experiência: terceiro trimestre gestacional, pós-parto, segundo trimestre e primeiro ano de vida do bebê. Nos três primeiros encontros, adotamos como recurso metodológico, a Narrativa Interativa e no quarto encontro, convidamos os casais para que narrassem livremente acerca de sua experiência. Cada um dos casos acompanhados foi apresentado no formato de Narrativas Psicanalíticas que entrelaçam a experiência do encontro, as impressões transferenciais da pesquisadora e as contribuições da literatura científica sobre o tema investigado. Nossos achados assinalam o desamparo vivido pelos casais durante a transição para a parentalidade, o enfraquecimento das redes de apoio familiar e comunitária, bem como a colonização da esfera familiar pelos profissionais da saúde. As reflexões sobre os papéis parentais permearam nossos encontros e revelaram a persistência do discurso tradicional, ainda que se almeje a construção de novas formas de cuidado. Frente ao predomínio do enfoque biologizante da experiência, finalizamos salientando a urgência da promoção de intervenções que oferecessem o cuidado emocional e assim, favoreçam a integração das experiências parentais.

The experience of transition to parenthood is marked by new meanings in contemporary society as the transformation of parental roles and the new themes related to child care are brought into discussion. Understanding this context, we investigated the emotional experience of couples during the transition to parenting in terms of the affective-emotional meanings that support parental conduct. We performed a longitudinal qualitative study using the psychoanalytic method with the participation of four couples who were experiencing parenthood for the first time. Four meetings were held with each couple in emblematic moments of this experience: third gestational trimester, postpartum, second trimester, and first year of the baby's life. In the first three meetings, we adopted the Interactive Narrative as a methodological resource and at the fourth meeting we invited the couples to speak freely about their experience. Each of the cases was presented in the form of Psychoanalytic Narratives that interweave the experience of the encounter, the transferential impressions of the researcher, and the contributions of the scientific literature to the subject under investigation. Our findings point to the helplessness experienced by couples during the transition to parenthood, the weakening of family and community support networks, and the colonization of the family by health professionals. The reflections on parental roles permeated our meetings and revealed the persistence of the traditional discourse, even though the idea is to create new forms of caring. Given the predominance of a biological view of the experience, we conclude by emphasizing the urgency of promoting interventions that offer emotional care and, thus, favor the integration of parental experiences.

La experiencia de transición hacia la parentalidad es constelada por nuevos sentidos en la sociedad contemporánea, en la medida en que se discute la transformación de los papeles parentales, así como las nuevas temáticas relacionadas al cuidado infantil. Comprendiendo este escenario, investigamos la experiencia emocional de parejas durante la transición hacia la parentalidad en términos de los sentidos afectivo-emocionales que sustentan la conducta parental. Realizamos un estudio cualitativo longitudinal con el método psicoanalítico, del cual participaron cuatro parejas que vivenciaban la parentalidad por primera vez. Fueron realizados cuatro encuentros con cada pareja en momentos emblemáticos de esa experiencia: tercer trimestre gestacional, posparto, segundo trimestre y primer año de vida del bebé. En los tres primeros encuentros, adoptamos como recurso metodológico, la Narrativa Interactiva y en el cuarto encuentro, invitamos a las parejas a que narrasen libremente acerca de su experiencia. Cada uno de los casos acompañados fue presentado en formato de Narrativas Psicoanalíticas que entrelazan la experiencia del encuentro, las impresiones transferenciales de la investigadora y las contribuciones de la literatura científica sobre el tema investigado. Nuestros descubrimientos señalan el desamparo vivido por las parejas durante la transición hacia la parentalidad, el debilitamiento de las redes de apoyo familiar y comunitario, así como la colonización de la esfera familiar por los profesionales de la salud. Las reflexiones sobre los papeles parentales permearon nuestros encuentros y revelaron la persistencia del discurso tradicional, aunque se anhele la construcción de nuevas formas de cuidado. Frente al predominio del enfoque biologizante de la experiencia, finalizamos subrayando la urgencia de la promoción de intervenciones que ofrezcan el cuidado emocional y así, favorezcan a la integración de las experiencias parentales.