Docência, sofrimento e potência de ação: o drama de ensinar no ensino médio público pelo olhar da psicologia

Abstract

A presente pesquisa teve por objetivo investigar a potência da arte na promoção da reflexão sobre as condições do trabalho docente e sua ressignificação. Os desafios que se apresentam na ação cotidiana do professor atualmente ultrapassam o ensino do conhecimento escolarizado, envolvendo expectativas, crenças e concepções que, por vezes, resultam em relações conflituosas geradoras de sofrimento aos alunos e professores. Partindo dos princípios teóricos da Psicologia Histórico-Cultural, especificamente os pressupostos de Vigotski, compreendemos que, por meio da arte, é possível pôr em movimento as contradições presentes no modo de ser e pensar dos docentes e promover reflexões que humanizem os sujeitos, viabilizando a configuração de novos significados e sentidos sobre suas ações. Esta investigação se caracteriza como pesquisa-intervenção realizada, ao longo de dois anos, com um grupo de professores da rede pública estadual de ensino de uma escola localizada na periferia de uma cidade do interior do estado de São Paulo. As intervenções foram quinzenais nos horários de Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPC), tendo como materialidades mediadora de reflexões sobre a condição de trabalho expressões artísticas. Para análise foram utilizados os registro de diário de campo (total de 60), sete entrevistas feitas por uma mestranda com professores que participaram dos encontros e 18 questionários de caracterização dos docentes. A partir desses banco de dados, buscamos expressões com significação que nos favoreceram identificar e analisar como os professores significam a docência. Assim, chegamos a três grandes categorias: categoria I – “Situações que dificultam e/ou facilitam o exercício da profissão”; categoria II – “Afetos e sentimentos vividos no trabalho docente”; e categoria III – “Padecimento vs Poder de Agir”. Os dados nos evidenciou que a práxis docente se constitui dialeticamente, contendo em si uma dimensão negativa que pode favorecer a cristalização e o enrijecimento das posturas e práticas dos educadores, e uma dimensão positiva, que pode promover potência de agir e favorecer o desenvolvimento de ações educativas centradas na efetiva aprendizagem dos alunos, no entanto, as condições atuais de trabalho tem favorecido muito mais o sofrimento e o padecimento.

The aim of this research was to study the working conditions of teachers from public schools and its impact on teaching as well as the interactions of teachers in the school context. The challenges found in the daily grind of teachers, nowadays, are beyond the knowledge acquired in teaching, involving expectations, beliefs, and conceptions that sometimes result in conflict for teachers and students as well. As of the principles of cultural-historical psychology theory, namely Vigotski’s conjecture, it is understood that through art it is possible to work on the present contradictions not only in terms of the way teachers think and are, but also stimulate them to have a reflexive mind. Thus, humanization and feasibility of new meanings upon their own actions are made possible. In consonance with the theoretical-methodological perspective of dialectical and historical materialism, in which the principles of cultural-historical psychology theory are based on, the present investigation was characterized as a research-intervention and it proposed to perform every other-week meetings during the Classes of Collective Pedagogical Work (ATPC, in Portuguese) with teachers from public schools of a small city located in the outskirts of an inner-city in São Paulo state. The meetings were recorded in audios and manually transcript in field diaries. Data analysis evidenced that teachers deeply experience contradictions ingrained to their current working conditions. Also, it was observed that the way of thinking, feeling, and behaving of these professionals are consequences of a reality that highly enhances alienation leading to suffering and illnesses. Hence, these findings are founded on the basis of political and ethics suffering.

Esta investigación tuvo como objetivo estudiar las condiciones de trabajo del maestro de escuela pública y su impacto en la práctica docente, así como en las interacciones que este actor establece en el contexto escolar. Los desafíos que surgen en la acción diaria del maestro actualmente superan la enseñanza del conocimiento escolar, lo que implica expectativas, creencias y concepciones que a veces resultan en relaciones conflictivas que generan sufrimiento para estudiantes y maestros. Partiendo de los principios teóricos de la Psicología Histórico-Cultural, específicamente los supuestos de Vigotski, entendemos que, a través del arte, es posible poner en marcha las contradicciones presentes en la forma de ser y pensar de los maestros y promover reflexiones que humanicen los temas, permitiendo la configuración de nuevos significados y significados sobre sus acciones. En línea con la perspectiva teórico-metodológica del materialismo histórico-dialéctico en el que se basan los principios de la Psicología Histórico-Cultural, esta investigación se caracteriza como una investigación de intervención y se propone realizar reuniones quincenales en el Taller Pedagógico Colectivo ( ATPC) con maestros del sistema de escuelas públicas del estado de una escuela ubicada en las afueras de una ciudad en el interior del estado de São Paulo. Las reuniones fueron grabadas en audio y transcritas en un diario de campo. El análisis de datos muestra que los maestros experimentan contradicciones inherentes a sus condiciones de trabajo actuales. Aunque experimentan momentos de satisfacción y placer en la enseñanza, lo que prevalece es el sufrimiento. Por lo tanto, observamos que las formas de pensar, sentir y actuar de estos profesionales son el resultado de una realidad que mejora en gran medida la alienación, que es la base del sufrimiento ético-político que induce el sufrimiento y la enfermedad.