Um olhar sobre arquitetura brasileira na virada do século XX para XXI: Diálogos transnacionais em Aurelio Martinez Flores

Abstract

As bienais de arquitetura se apresentam como grandes oportunidades para o estabelecimento de contatos formando redes de diálogos transnacionais e, portanto, fomentam trocas entre culturas de diferentes partes do mundo. Ao longo do século XX, esses intercâmbios culturais definiram estilos e tendências no campo da arquitetura e do urbanismo. Inicialmente, no Brasil, a Bienal de Artes de São Paulo foi um espaço para a exibição de obras de arquitetura e urbanismo até 1973, quando o setor conquistou seu evento próprio. A partir deste momento, marcadas pelo intercâmbio entre diferentes culturas, linguagens e posicionamentos críticos, as Bienais de Arquitetura de São Paulo se transformaram em importante fórum de debates sobre a produção nacional e internacional. Na presente pesquisa, após abordar a importância das bienais, analisa-se a produção do arquiteto mexicano Aurelio Martinez Flores, buscando sobretudo investigar o contexto da cultura arquitetônica na virada do milênio, tendo como foco a importância do arquiteto na formação de uma das vertentes da arquitetura contemporânea brasileira. Flores, que desenvolveu grande parte de sua obra no Brasil, tem sua produção analisada à luz das origens e contribuições da arquitetura moderna mexicana, na tentativa de entender e fundamentar a linguagem característica das obras deste arquiteto, bem como suas continuidades e derivantes no Brasil. O trabalho de Flores culminou com a apresentação junto à grandes nomes da arquitetura mundial na 4ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, em 1999, momento fundamental para a arquitetura que será desenvolvida no século XXI. Assim, sob essas duas contextualizações, a terceira parte deste trabalho é dedicada a analisar a participação do arquiteto nas duas Bienais que antecederam a virada do milênio, 1997 e 1999, apresentando alguns indicativos das principais correntes de pensamento presentes nessas duas edições do evento. Assim, este estudo surge com o objetivo de entender o papel das bienais de arquitetura na formação de redes de diálogos transnacionais, tendo como foco a participação de Aurelio Martinez Flores e suas conexões com as correntes de pensamento presentes na 3ª e 4ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, ocorridas em 1997 e 1999, respectivamente, momento estruturante para a produção arquitetônica após a virada do milênio. Utilizando-se dos documentos coletados junto ao acervo da Fundação Bienal de São Paulo, entrevistas com Aurelio Martinez Flores, artigos publicados em revistas especializadas, documentação jornalística, projetos enviados pelos participantes, além de artigos e periódicos publicados sobre este evento, busca-se entender a importância das bienais na formulação de cânones estéticos, na apresentação de nomes que norteariam a produção arquitetônica no novo milênio e a importância de Flores neste processo.

The architecture biennials present great opportunities for establishing contacts forming networks of transnational dialogues and, therefore, foster exchanges between cultures from different parts of the world. Throughout the 20th century, these cultural exchanges defined styles and trends in the field of architecture and urbanism. Initially, in Brazil, the São Paulo Biennial of Arts was a space for the exhibition of works of architecture and urbanism until 1973, when the sector won its own event. From this moment on, marked by the exchange between different cultures, languages and critical positions, the São Paulo Architecture Biennials became an important forum for debates on national and international production. In this research, after addressing the importance of biennials, the production of the Mexican architect Aurelio Martinez Flores is analyzed, seeking above all to investigate the context of architectural culture at the turn of the millennium, focusing on the importance of the architect in the formation of one of the aspects of contemporary Brazilian architecture. Flores, who developed a large part of his work in Brazil, has his production analyzed in the light of the origins and contributions of modern Mexican architecture, to understand and substantiate the characteristic language of this architect's works, as well as their continuities and derivatives in Brazil. Flores' work culminated with the presentation with the great names of world architecture at the 4th São Paulo International Architecture Biennial, in 1999, a fundamental moment for architecture to be developed in the 21st century. Thus, under these two contextualizations, the third part of this work is dedicated to analyzing the participation of the architect in the two Biennials that preceded the turn of the millennium, 1997 and 1999, presenting some indications of the main currents of thought present in these two editions of the event. Thus, this study arises with the aim of understanding the role of architecture biennials in the formation of networks of transnational dialogues, focusing on the participation of Aurelio Martinez Flores and its connections with the currents of thought present in the 3rd and 4th International Architecture Biennial of São Paulo, which occurred in 1997 and 1999, respectively, a structuring moment for architectural production after the turn of the millennium. Using the documents collected from the São Paulo Biennial Foundation collection, interviews with Aurelio Martinez Flores, articles published in specialized magazines, journalistic documentation, projects sent by the participants, in addition to articles and periodicals published about this event, we seek to understand the importance of biennials in the formulation of aesthetic canons, in the presentation of names that would guide architectural production in the new millennium and the importance of Flores in this process.