Impactos do Binge-Watching na saúde ocular, qualidade de vida e no bem-estar emocional entre universitários: uma análise de classe latente

Abstract

INTRODUÇÃO: O uso de mídias digitais tem se popularizado cada vez mais nos últimos anos, principalmente em relação ao comportamento de assistir vídeos (streaming) a partir de diferentes mídias digitais. Este comportamento, intitulado como binge-watching (BW), tem se intensificado com base no desenvolvimento e facilitação de acesso destas novas plataformas, o que levanta preocupações acerca dos seus efeitos na saúde ocular e no bem-estar psicológico das pessoas. Desta forma, a compreensão do modo como as pessoas se utilizam destes dispositivos para assistirem a vídeos de streaming é extremamente relevante atualmente. OBJETIVOS: Este trabalho teve por objetivo identificar um possível efeito entre o BW na saúde ocular e psicológica de estudantes universitários brasileiros e canadenses. MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa multicêntrica, com estudantes de dois países (N= 1.497), sendo 306 do Canadá e 1.1191 do Brasil. Foram considerados os seguintes dados: questionário sociodemográfico, instrumento de BW desenvolvido pelos autores, questionário de dor ocular desenvolvido pelos autores, DASS-21, DERS-18, UPPS-P, WHOQOOL-Bref, SAS-SV, YFAS.20, AEBS, AUDIT. A análise dos dados foi realizada por meio de estatísticas descritivas, testes chi-quadrado, Análise Latente de Classe (LCA) e Análise de Rede. RESULTADOS: Com base na LCA, observaram três grupos distintos de dor ocular, sendo que a Classe 1 contemplou 30% da amostra e relatou maior intensidade de sintomas emocionais e impulsividade, e menores níveis de regulação emocional e qualidade de vida em relação às demais classes. Neste sentido, a classe 2 (45% da amostra), indicou presença moderada destes sintomas e a Classe 3 presença significativamente mais leve em relação às demais. CONCLUSÃO: Este estudo é importante na medida em que destaca a relevância de se reconhecer o BW como um fenômeno capaz de afetar negativamente a saúde ocular e psicológica dos universitários. Além disso, neste estudo pode-se observar um elo entre o BW e a frequência de cefaleias, o que indica a necessidade de estratégias de prevenção e promoção à saúde focadas para esta população.

INTRODUCTION: Digital media has become increasingly popular in recent years, especially regarding streaming videos from different digital sources. This behavior, known as binge-watching (BW), has intensified based on the development and easier access to these online platforms, raising concerns about their effects on ocular health and psychological well-being. Therefore, understanding how people use these devices to watch streaming videos is highly relevant today. OBJECTIVES: This study aimed to identify the potential effect of BW on the ocular and psychological health of Brazilian and Canadian university students. METHOD: This is a multicenter study with students from two countries (N= 1,497), 306 from Canada and 1,1191 from Brazil. The following data was taken into account: sociodemographic questionnaire, BW instrument developed by the authors, ocular pain questionnaire developed by the authors, DASS-21, DERS-18, UPPS-P, WHOQOOL-Bref, SAS-SV, YFAS.20, AEBS, AUDIT. Data was analyzed using descriptive statistics, chi-squared tests, Latent Class Analysis (LCA) and Network Analysis. RESULTS: Three distinct groups of ocular pain were observed based on LCA. Class 1 comprised 30% of the sample and reported higher intensity of emotional symptoms and impulsivity. In addition, it reported lower levels of emotional regulation and quality of life compared to the other classes. Class 2 (45% of the sample) indicated a moderate presence of these symptoms, while Class 3 showed significantly milder presence than the others. CONCLUSION: This study is essential as it highlights the relevance of recognizing BW as a phenomenon capable of negatively affecting university students' ocular and psychological health. Additionally, this study revealed a link between BW and headache frequency, indicating the need for prevention and health promotion strategies focused on this population.

INTRODUCCIÓN: Los medios digitales se han vuelto cada vez más populares en los últimos años, especialmente en lo que respecta a la transmisión de vídeos desde diferentes fuentes digitales. Este comportamiento, conocido como bingewatching (BW), se ha intensificado gracias al desarrollo y al acceso más fácil a estas plataformas en línea, lo que genera preocupación sobre sus efectos sobre la salud ocular y el bienestar psicológico. Por lo tanto, comprender cómo las personas utilizan estos dispositivos para ver vídeos en streaming es muy relevante hoy en día. OBJETIVOS: Este estudio tuvo como objetivo identificar el efecto potencial del BW en la salud ocular y psicológica de estudiantes universitarios brasileños y canadienses. MÉTODO: Se trata de un estudio multicéntrico con estudiantes de dos países (N= 1.497), 306 de Canadá y 1.1191 de Brasil. Se tuvieron en cuenta los siguientes datos: cuestionario sociodemográfico, instrumento BW desarrollado por los autores, cuestionario de dolor ocular desarrollado por los autores, DASS-21, DERS-18, UPPS-P, WHOQOOL-Bref, SAS-SV, YFAS.20, AEBS, AUDITORÍA. Los datos se analizaron mediante estadística descriptiva, pruebas de chi-cuadrado, análisis de clases latentes (LCA) y análisis de redes. RESULTADOS: Se observaron tres grupos distintos de dolor ocular según LCA. La clase 1 comprendió el 30% de la muestra y reportó mayor intensidad de síntomas emocionales e impulsividad. Además, reportó niveles más bajos de regulación emocional y calidad de vida en comparación con las otras clases. La clase 2 (45% de la muestra) indicó una presencia moderada de estos síntomas, mientras que la clase 3 mostró una presencia significativamente más leve que las demás. CONCLUSIÓN: Este estudio es fundamental ya que resalta la relevancia de reconocer el BW como un fenómeno capaz de afectar negativamente la salud ocular y psicológica de los estudiantes universitarios. Además, este estudio reveló un vínculo entre el BW y la frecuencia de los dolores de cabeza, lo que indica la necesidad de estrategias de prevención y promoción de la salud centradas en esta población.