Atividades simbólicas no 1° ano: possibilidades de continuidades entre a educação infantil e o ensino fundamental

Abstract

Esta investigação vincula-se à Linha de Pesquisa Formação de Professores e Práticas Pedagógicas e subsidia os estudos realizados no âmbito do Grupo de Pesquisa Linguagens, Desenvolvimento Humano e Atividade Pedagógica, em torno da transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental e, de modo mais específico, os debates sobre a formação de professores alfabetizadores e o ensino e a aprendizagem da leitura e da escrita. Diante disto, no que se refere à alfabetização, ela sempre ocupou as pautas educacionais e frequentemente se configura em um campo de grandes debates, afinal, há diferentes concepções de alfabetização no campo pedagógico e opiniões divergentes a respeito de tais práticas. Este cenário, por sua vez, não contribui para a compreensão do professor e pode, consequentemente, afetar a sua prática docente. As vivências na Educação Infantil e o ingresso no Ensino Fundamental representam grandes marcos na vida de uma criança. A literatura indica que, na maior parte das vezes, as experiências vividas na Educação Infantil não são consideradas no momento de ingresso no Ensino Fundamental. Pesquisas direcionadas a este tema são relevantes e de grande importância, pois permitem o entendimento de como vem ocorrendo a transição da criança da Educação Infantil para o Ensino Fundamental e como a apropriação da linguagem escrita, bem como a alfabetização, vêm sendo exploradas nas práticas pedagógicas docentes, nesse processo de passagem. Portanto, a questão norteadora desta pesquisa foi: que atividades simbólicas se desenvolvem em um 1° ano do Ensino Fundamental que possibilitem continuidades em relação à Educação Infantil de forma a subsidiar o processo de alfabetização? O objetivo foi analisar as percepções de professoras, estudantes e seus familiares, quanto ao processo de apropriação da linguagem escrita e da leitura, no 1° ano do Ensino Fundamental, bem como oportunidades de realização de outras atividades simbólicas, próprias da infância. O método caracterizou-se por uma abordagem qualitativa e para a produção do material empírico foram realizadas observações em duas salas de aula de 1º ano, entrevistas com os alunos, mediadas por um jogo, no formato de conversas, e entrevistas semiestruturadas com as professoras e com mães de alunos. O estudo foi realizado em uma instituição pública municipal de ensino. Os resultados possibilitaram identificar que é possível um investimento nas práticas envolvendo os precursores da escrita, como a produção de desenhos, a produção oral e as brincadeiras de faz de conta incorporando elementos da cultura escrita. Essas práticas podem se constituir em continuidades entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, fazendo com que as crianças se aproximem desse universo simbólico, incluindo a própria linguagem escrita. A aproximação com as práticas sociais de uso da escrita em contextos de brincadeiras e a representação pelo desenho como um auxiliar de memória, podem potencializar um processo de alfabetização que promova continuidades entre as etapas, tornando esse processo de alfabetização mais significativo para as crianças, contrapondo-se a práticas de repetição e treinos motores que não garantem a reflexão por parte das crianças e, desta maneira, permitindo também que a passagem de uma etapa para a outra ocorra de uma maneira mais cuidadosa.

This research is linked to the Teacher Training and Pedagogical Practices Research Line and supports the studies carried out within the Languages, Human Development and Pedagogical Activity Research Group, around the transition from Early Childhood Education to Primary Education and, more specifically, the debates on the training of literacy teachers and the teaching and learning of reading and writing. Literacy has always been discussed as an important educational issue and has always been the center of important debates in the educational field due to different aproaches and definitions about literacy in the pedagogical area. These facts can cause a confusing cenario to many teachers. This scenario, in turn, does not contribute to teachers' clear comprehension about the theme and may, consequently, affect teaching practices. The experiences in Early Childhood Education and the entrance into Elementary School represent great milestones in a child’s life. Literature reviews have often shown that the experiences lived in Early Childhood Education are not taken into consideration at the time students start Elementary School. Research on this topic is extremely important and has its relevance for they will allow the comprehension of how the transition from kindergarten to elementary school is taking place, as well the appropriation of written language and literacy have been occurring through pedagogical teaching practices. The guiding question of this research was: what symbolic activities are developed in the first year of elementary school that allow for continuity in relation to early childhood education in order to support the literacy process? The goal of this research was to analyze the perceptions of teachers, students and their families regarding the process of appropriating written language and reading in the first year of elementary school, as well as opportunities to carry out other symbolic activities typical of childhood. The research method was characterized by a qualitative approach and to produce the empirical material, observations were made in 2 First Grades classrooms, interviews with the students, mediated by a game, in the format of conversations, and semi-structured interviews with the teachers and also with some students' mothers. The study was carried out in a municipal public school. The results showed that it is possible to invest in practices involving the precursors of writing, such as drawing, oral production and make-believe games, incorporating elements of written culture. These practices can become continuities between Early Childhood Education and Primary School, bringing children closer to this symbolic universe, including written language itself. Getting closer to the social practices of using writing in contexts of play and representation through drawing as a memory aid can enhance a literacy process that promotes continuity between the stages, making this literacy process more meaningful for the children, as opposed to practices of repetition and motor training that do not guarantee reflection on the part of the children and, in this way, also allowing the transition from one stage to the next to take place in a more careful manner.